Entrevista – Abder Paz – Invenção Brasileira 30 anos

 

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não dá pra falar da escola livre de teatro sem falar do eit

 

o eit durante muikto tempo foi ameaçado… ainda é ameaçado de ser privatizado, que é uma área pública que é um complexo.. uma escola, uma biblioteca e um teatro, mas tem outros aparelhos do estado como um bombeiro e a policia militar.

então a especulação imobiliária vive de olho nele.

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aí, nós do movimento cultural, fizemos o viva eit, durante muitos anos a gente brigou por aquele espaço da praça pq era um patrimonio.

a gent esabia que se nao fosse tombado como patrimoinio, estaria ameaçado, em risco de construir um centro comercial ali.

aí, nessa perspectiva de ocupação do teatro, de pensar que a gente precisava construir algo dentro do teatro, e o teatro tava sendo usado principalmente pra formatura, festinha… a vocação como teatro tava … não exisita. não tinha nenhum grupo residente.

então, eu e Chico Simões resolvemos fundar um grupo que oferecia oficinas gratuitas, era um trabalho que a gente fez pq acreditava no  processo, num espaço livre aberto de teatro.

então nós fundamos no teatro da praca a escola livre de teatro.

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atendemos mais de 400 alunos da escola num processo de formação em artes cenicas, trocando ideia, montando espetáculos, em paralelos com as atividades da escola…

mas também era aberto pro público em geral… e é uma iniciativa que a gente continua desenvolvendo hoje não mais no teatro da praça, mas agora o Chico retomou no Invenção Brasileria a escola de teatro , mas é uma maneira … não é só uma oficina… é uma oficina que de alguma forma, pensa de uma maneira diferente.

que ela possa ser dada por mais de uma pessoa… que a gente pudesse envolver parceiros, mestres que tem coisa pra trocar… perceber que as pessoas que vão fazer oficina também podem dar oficinas…

construir de fato um espaço de troca sobre teatro.

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claro, com as técnicas, com apresentações, mas um espaço de troca….

deu muito certo… nós ficamos no teatro da praça durante 2 anos.

logo depois recebemos o convite da universidade católica pra ser um projeto de extensão, ficamos 4 anos dentro da universidade ministrando oficinas, atendemos mais de 2 mil alunos dentor da universidade.

um processo maluco de 150 pessoas numa lista de espera pra fazer teatro.

atendia 50, uma turma de 50.

nasce dessa perspectiva de espaço de troca.

por isso que a universidade também se aproximou.

se aproxima  junto com o curso de pedagogica.. eles passam a indicar os alunos pra irem fazer teatro, alunos com dificuldade de fala, que precisavam de se expressar melhor…

 

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a primeira oficina que eu dou foi no teatro da praça.

eu naõ tinha experiencia com oficinas. aí o chico me pilhou, vamos montar um trabalho lá.

aí a gente conhece a flávia, e aí, eu, chico, flávia e cláudia, claudia era vice diretora, flávia era professora, aí a gente começa a pensar uma seŕie de atividades…

a flavia e cláudia fundam o cineclube e a gente a oficina de teatro.

em paralelo às ativadeas do Viva Eit, que já era um processo de espetáculos na porta do teatro, dentro…a gente começa a oficina lá,

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logo depois a universidade vem com a gente.

a gente começa a participar do sarau dentro da universidade, sarau da pedagogia…

fazemos uma série de apresentações e eles fazem esse convite formal pra gente integrasse esse projeto de extensão, aí dando teatro, musica, artes plasticas e vídeo.

a gente passa 4 anos dentro da universidade.

 

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é muito dificil falar do invenção brasileira sem falar de taguatinga

eu nascido e criado aqui em taguatinga, tem uma história muito curiosa que é quando meus pais se conhecem.

eles se conhecem na porta do teatro da praça, numa banquinha de revista, quando uma amiga da minha mãe resolve então comentar: ah, tem um pessoal que faz teatro aqui em taguatinga…

aí, ela: ah, aquele rapaz ali é do teatro, era meu pai. e esse o grupo é o retalhos.

um grupo de muita importancia na formação da cidade de como ela é hoje.

taguatinga tem uma expressividade cultural e artistica fruto desse movimento que nasce na década de 80.

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a decada de 80, ela guia até hoje esse moviemnto cultural e as pessoas que atuam aqui na cidade.

taguatinga ainda é um polo de diversidade e cultura a partir desses precursores que começam a movimentar a cidade.

e uma história muito maluca, a exemplo do meu pai, ele começa a fazer teatro porque um amigo fala “vamos fazer teatro?”, “não, esse negocio não é pra mim, não”.

“ mas vamos ficar uma semana sem aula, pra fazer teatro”…

aí, meu pai começou e não parou mais.

 

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esse movimento na decada de 80. grandes artistas que nós temos no df, nascem dessa pequena oficina, criam grupos, e aí as coisas começam a de alguma forma a ganhar corpo, criar caracteristicas de grupos, começam a se desenvolver…

 

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pulando pra frente, um dia eu tava numa festa, aí comecei a ouvir uns tambores…

era um festa grande, grande palco…

começo a perceber que aquele som tinha um negocio diferente… nunca tinha ouvido…

tenho a sensação que era uma coisa que vinha de dentro, não de fora.

aí, alguém… não, isso é cultura popular…

sei que o negócio é bom…

aquelas mulheres, cantando, aquales tambores, um negocio que ao mesmo tempo era moderno, mas ao mesmo tempo era tradiciona….

aí, voltei pra casa refletindo… eu tava começando a trabalhar com arte, aí, vou conversar com meu pai…

ele: não, tem uma amigo meu que trabalha com isso aí!

quem é?

é o chico simões…

aí, no dia seguinte, eu ligo:

“alo, seu chico, eu to querendo entender esse negocio de cultura popular, como isso funciona?”

“ apareça aqui no mercado sul, a gente tem oficina aqui, apareça que a gente conversa…”

uma semana depois eu venho e encontro o chico.

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isso muito me encanta: a generosidade que o espaço teve naquele primeiro momento que eu cheguei.

a forma que eu fui acolhido, a forma que eu fui recebido… o chico, outras pessoas que tavam aqui passaram uma tarde inteira comigo, fazendo sala, covnersando…

e eu to aí, até agora. são 11 anos.

e to aí da mesma maneira: tomando café, recebendo as pessoas…

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depois que eu fui recebido, eu tenho a missão de receber… da mesma forma que eu fui recebido.

eu faço um esforço pra ter gentileza, pra ter a generosidade, que foi a mesma generosidade que eu recebi.

 

e eu começo então a frequentar o mercado sul, o invenção brasileira, todas as tardes…

pegava minha bicicleta e vinha.

era isso, ou ouvi chico contar uma história, ou ajudar o seu virgilio a desmontar uma mala pra virar outra coisa, ou apenas conversar…

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eu comecei a perceber que tinha uma maneira diferente de viver…

comecei a perceber que tinha um jeito que era muito diferente de outros lugares que eu ia.

que as pessoas as vezes estavam 2 horas da tarde tavam no meio da rua, tomando café, conversando… no meio do trabalho paravam pra conversar e… sempre muita conversa, muitos ideais, muitos sonhos…

uma leitura de mundo que eu não tava acostumado.

uma leitura de mundo que todos os conhecimentos que a gente tem, devem ser colocados na roda.

e essa percepção da roda, aqui tudo era muita roda, falava que a roda era muito importante… e fui ao decorrer dos dias entendendo o significado das coisas…

entendendo que tinha coisas a mais.

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me lembro da primeira vez que nós fomos… a gente foi convidado pra ir pra um encontro que era o ‘escola viva’.

eu chego, passo 4 dias, era um grupo de artistas, fazedores de cultura, que tavam refletindo o que uma escola deveria ser.

que escola é essa? como uma escola deveria funcionar?

e problematizando: pq os fazedores de cultura não tão dentro dessa escola?

e era uma pessoa mais fantástica do que a outra.

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e isso foi uma determinante de posicionamento das coisas pro mundo:

que tipo de posicionamento … pq eu até o momento, só fazia espetáculo.. de mímica…

vivia das minha brincadeiras… era um show.

a gente começa a perceber que não, que a cultura que a gente tá fazendo aqui é uma cultura da planta, do cultivo.

quanto a relação de cultura que a gente tá desenvolvendo aqui tá ligado aos hábitos de qualidade de vida, às praticas saudáveis, a uma maneira de reconhecer o mundo, de reconhecer aqueles que são nossas matrizes, nossos ancestrais, de como a gente carrega isso, como que cultura é essa prática.

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é saber fazer o bolo que vovó fazia, aprender a fazer o biscoito que vovó fazia…

isso foi expandindo minha percepção…

então, são coisas que fui aprendendo, construindo, e hoje tamos trocando e isso foi muito importante.

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nesse tempo de invenção, tem coisas belissimas que marcaram minha vida como  participar de uma festa no meio da rua…

primeiro que era no meio da rua. não cobrava entrada, ainda servia caldo, café gratuido…

achava um absurdo… que lugar é esse?

tudo muito colorido… um lugar sempre de muita alegria.

 

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abder bebendo— água

 

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falar de histórias antigas do invenção, não dá pra não falar do carlos babau, né?

 

carlos babau foi um mestre, eu sempre convivi com ele desde muito jovem…

e parte da histŕoia que eu sei é que havia um grupo de teatro de teatro.

era um grupo de teatro mas também de militancia política, pénsador, que articulava várias coisas dentro da cidade.

 

e dentro desse grupo tinha 3 pessoas chaves, que são chaves também no invenção.

que era chico simões, carlos babau e shirley  gomide…

com o tempo, esse grupo se desfaz e esse grupo passa a viajar juntos.

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aí, carlos babau que já vinha de um aescola de cultura popular, leva então o chico numa viagem e aí começa essa brincadeira do invenção brasileira.

 

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o babau, pra gente, é uma figura muito impar.

ele tem uma narrativa de vida… uma prática de vida muito diferenciada da maioria dos artistas.

pq pra ele não tem distinção do trabalho cultural e da militancia por um mundo melhor.

isso é uma característica muito forte na atuçaõ do babau e do carroça de mamulengo.

 

compreende a vida e aação cultural como ato de luta

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ele fala “ nós da revoluçaõ cultural é que vamos transformar o mundo, que ele seja festa trabalho e pão”.

ele tem essa… essa maneira de enxergar o mundo…

 

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minha experiencia primeira, é que eu estudei com 2. antonio e maria.

eu tinha 10 anos e eu já via aquele grupo que era muito diferente, também.

eram 10 meninos que viajavam num onibus

e quando eles passaram, numa das vezes que eles pararam por aqui, a gente estudou na mesma escola.

 

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a gente já tinha essa aproximação pelos pais, que são grandes amigos, e me convidaram pra ir pra casa do mestre zezito, que é um mestre.. falecido mestro do df que foi uma pessoa muito importante do teatro e cultura popular no df.

 

aí, tem historias fantásticas, foi quando comecei andar de perna de pau.

a gente fazia futebol de perna de pau… essa coisa da alimentação era muito diferente…

eu tinha uma cultura familiar que era arroz feijao e carne… chega lá, são vegetariano… babau sempre radical com isso.

sempre fomos próximos..

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a gente sempre se reconheceu no fazer, a gente fala.. po, nós somos também como nossos pais.

isso foi uma semente muito interessante. é um ponto de discussão, pq as pessoas não aprendem mais com os pais.

essa relação de troca, de compreender o conhecimento com oalgo que vc passa pra uma outra geração é uma coisa que vem se diluindo… o filho do marceneiro não brinca mais com as madeiras que estão no chão… não aprende ser marceneiro… não é tão digno.

 

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a gente acredita muito no trabalho de nossos pais…

e eu, tem uma coisa que eu herdei todos os amigos.

se pensar: miltinho, zé regino, ivaldo cavalcante, nilsinho, vários outros… são pessoas que são meus amigos da minha infância… eu já era muito pequenininho e já tenho eles na lembrança.

eu cresço nesse cenário dos caras que sempre admirei.

e hoje a gente já troca ideia de igual pra igual…

 

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é explícito que o ambiente que eu cresci foi muito propicio pras coisas que eu faço hoje.

a convivencia com meu pai, uma pessoa sempre muito generosa, a casa sempre foi um lugar pra receber as pessoas.

a casa tinha que ser uma sala e uma cozinha grnade.

os quartos podem ser pequenos, mas a sala e cozinha onde recebe gente tem que ser grande.

e depois, a convivencia com chico simões me ensinou muito sobre isso, esse desapego do que a gente acha que é nosso conhecimento.

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com outras pessoas também.

mas a primeira pessoa que eu convivi mais que tinha esse modus operandi de… a gente tá aqui pra colaborar e não pra competir.

quanto mais junto e quanto mais gente, melhor, mais força a gente tem, mais qualidade isso vai ter.

 

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do mestre zezito tenho poucas lembranças…

eu era  muito novo quando ele faleceu.

a lembrança que eu tenho dele é da união dos artistas da terra da mãe de deus. que é uma coisa que babau conta, de pensar num lugar onde se pudesse produzir, morar, viver de uma maneira, fazendo aquilo que a gente gosta, que é arte e cultura.

a lembrança que eu tenho de mestre zezito é a lona de circo no quintal.

tava ali, as crianças, todo mundo era igual… todo mundo brincava, todo mundo cozinhava…costurava,

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uma historia interessante, é que mestre zezito tem um espetáculo as 8 da noite, ele saia de casa às 8 da manhã.

ele ia e passava o dia inteiro nesse caminho, parando nas lugares.

 

isso é uma lembrança que é a maneira do meu pai:

ele gostava de visitar os amigos. supresa.ele não gostava de avisar.

então, tinha um dia que a gente passava um dia inteiro tomando vários cafés na casa das pessoas… tipo humberto pedrancini.

eu conheço humberto desde sempre

era uma praica…

até hoje…

são pessoas que são referencias…

 

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eu venho de um berço de artistas… quantas vezes eu assisti um espetáculo pelo lado de dentro… na coxia, levando água pro meu pai… eu cresço nesse cenário.

 

eu sempre brinquei com mímica desde que me entendo por gente…

apresentação na escola..

aí, meu pai falou, vamos fazer um trabalho… na feira do livro…

aí, com 17 anos, eu penso> o que vou fazer da minha vida ? arrumar emprego…

 

aí, eu penso, poxa, sou mímico.

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e comecei a investigar… que eu quero, pra onde que eu vou..

aí, uma coisa importante foi entender essa coisa informal na minha formação.

 

entender que estar com chico é uma puta formação… vem me acrescentando.

á com outros amigos que eu herdei, eles tem muita pacientia… o humberto pedrancini tem um papel muito importante.

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um dia encontrei o humberto na rua, falei que queria aprender teatro, ele falou : me liga amanhã, liguei.

aí disse, vem aqui amanhã. fui. e ele disse, que bom, a maioria das pessoas falam e não vem.

eu falei, eu quero estudar teatro, naõ quero entrar na academia, na universidade, mas eu quero aprender.

quero saber como faz pra estudar contigo.

humberto trabalhou comigo quase um ano. todos os dias de segunda a sexta. nos trancava numa sala eu e ele, studavamos os 2. tenho um carinho por causa de uma generosidade impressionante.

 

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marcou muito a minha vida…

e fui aprendendo com a cultura popular que a gente podia ter outras relações de aprendizado.

a gente podia aprender de outras maneiras.

sempre que tem oportunidade, vai se aproximando dos mestres, vai buscando essa convivecia

 

todas essas coisas foram se juntando pras coisas que eu faço hoje.

 

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eu tive na inauguração..

teve várias inaugirações

sempre que tinha reforma, tinha uma inauguração nova…

eu me lembro de uma delas…

era meia sala, uma salinha pequena

eu lembro que era diferente, pq o mercado sul tinha pouca luz, a sala tinha pouca luz…

tinha uma quantidade de pessoas, eu lembro que tinha uma mágica… uma coisa, que eu não entendia

 

eu demorei uns 4 anos pra poder vir com as próprias pernas…

 

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uma outra coisa que me vem na cabeça, era a capacidade de receber os grupos, a capacidade de receber outros grupos no mesmo espaço.

eu sempre ouvi isso.

quantos grupos passaram por aqui, vieram, tiveram residencia, trabalharam criaram as próprias pernas e foram embora.

e hoje são afetuosos, e continuam o trbalho com qualidade…

 

um deles é o imaginário, era um grupo de teatro que ensaou aqui durante muitos anos. 2 atores estão no rio de janeiro, outro em sp, outro montou um blog de cultura.

 

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a própria casa moringa, todas as pessoas que estão dentra da casa moringa passaram pelo invenção  brasileira.

luciana meireles, fabiola, tábata passaram por uma ação, que era uma bolsa pra jovens que quisesem fazer oficinas culturais, aí, hoje são um grupo, tem seu trabalho, desenvolveram suas práticas…mas ligada diretamente, pq a primeira oficina de teatro que a maioria faz, é dentro do invenção brasileira.

 

a tabata, ela já tinha um trabalho de rap, mas ela abre um trabalho mais regionalizada, quando abre aqui no invenção os cabuléticos , aí se dividiu formou o lua de luanda… foram pra outros lugares…

 

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esse primeiro contato que eu tive com cultura popular foi o casa de farinha com um grande show…

aí depois eu vi o seu estrelo e fuá de terreiro.

e o tempo que eu to aqui é o tempo do seu estrelo.

quando o seu estrelo tinha acabado de se fundar, foi a época que eu comecei a vim no mercado sul.

 

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então, eu tava apaixonado por esse jetio de fazer as coisas.

aí, quando eu chego aqui, encontro uma festa no meio da rua e as pessoas estão dançando, tocando no meio da rua, e com as portas abertas… ah, to querendo. não, pega aqui a chave… e faz.

não, toma um café auqi..

sempre com as portas abertas..

ce começa a perceber que isso era uma maneira de pensar…

 

ah, queria aprender isso aqui, como faz? é agora

 

era um jeito de ver a vida diferente

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eu tenho tentado construir uma maneira de militancia cultural, de ofício cultural que é inspriado nessa experiencia. ela é fruto dessa maneira de ver o mundo.

e aí, essa relação com o invençaõ com o território, ela é muito expressiva…

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pensar no invenção dentro do mercado sul, que era, abandonado totalmente, quase calamidade pública… pelos relatos que a gente tem… tiveram que fechar um beco porque morriam muitas pessoas lá dentro.

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aí vai botar as pessoas na rua.

o enfrentamento que voce faz não é chamar a polícia, é botar as crianças pra cantar e tocar na rua, ter crainças brincando na rua.

 

isso é uma das coisas que fazem o mercado sul o que ele é hoje.

então, em vez de chamar a polícia, vamos fazer festa..

cadê o cara que tá vendendo droga aqui?

vamo tomar um caldo, vamo tocar com a gente!

 

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isso é um elemento de transformação muito forte e signioficativo.

a atuação cultural dentro do mercado  sul é determinante.

se não tivesse essa ação cultural aqui dentro, é bem provavel que isso fosse um shopping center. isso era o que a gente ouvia.

tinha pessoas que deixavam as lojas fechadas porque ia vender pq ia virar shopping center.

 

esse era o grande papo.

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isso é uma revolução. e se a gente pensar nesses 20 anos, pensando na história do mestre dico, é uma revolução, é algo que o estado não tem capacidade de fazer…

não existe estudo que vá explicar de fato como é que essas coisas aconteceram de uma maneira tão grande

pq começou a pintar uma loja. botou um vazinho de planta.

 

o vizinho olha e pinta e bota 2 vazinhos de planta.

daqui a pouco, a rua tá toda colorida.

não tem mais lixo.

a pessoa tá varrendo a porta, vou varrer também.

 

isso foi importante.

eu sempre via isso

diferente de outros lugares, academicos, de outros lugares que produzem cultura.

só tem artistas.

 

aqui não, tem uma simbiose comunitária, é uma ação cultura comunitária, ela compreende o trabalho das pessoas com seus oficios, a lanternagem tá na esquina, a padaria ta na outra, a tapeçaria ta na outra, o barzinho…

essas atividades se relacionam…

as pessoas conseguem conviver bem nesse mesmo territorio.

 

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quando eu cheguei no invenção, incialmente marquei com o chico…

mas antes de vir, encontrei o magnus…

o magnus trabalhava aqui no invenção, ele era um cara muito curioso, pq não tem regras…

a regra era fazer o que a gente precisa que fazer.

a gente tá comendo, tá tocandodo…

 

era muito doido, pq aparecia alguém “queria gravar um cd”, vamo agora!

como é?

vamo lá, a gente senta, pluga…

que maluco… ce imagina que isso seria um trabalho, iria cobrar… mas ele tava ali na disposição.

ele foi muito importante de perceber o que é trabalho.

nem tudo o que a gente faz é trabalho monetarizado, que precisa receber, tenho um tempo sobrando e, de verdade, isso não vai custar nada…

o magnus foi uma das pessoas.

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outra pessoa que eu lembro era a Rose.

era a organizadora das coisas.

gostava de ver o jeito que ela trabalhava pq ela tinha um preciosismo de manter as coisas no lugar, gostava de manter…demorou um tempo pra se aproximar…

tinha um trabalho do virgilio…

 

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tinha o seu joão, é um trabalho de cultura, mas é comercial.

mas os 2 elementos agregadores de pessoas é o invençaõ e é o virgilio.

virgilio sempre esteve aberto aqui no mercado sul.

 

chico, fabiola… chico fabiola e nara, encontram o virgilio no sitio geranium… que ele já desenvolvia uma atividade la,

aí percebem que ele precisa de um espaço que tenha mais gente circulando…

que tenha pessoas que vão ajudar a construir as coisas que tá fazendo,

aí o invençaõ faz o convite, e vamos montar uma lojinha de artesanato, sua oficina, vc produzir suas coisas…

 

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outra pessoa é o André Duarte, que tinha acabado de alugar uma loja, que era o coletivo motiro.

ele vem pro mercado sul pra ficar no invenção…

aí, percebe que naõ era a dele, não queria ficar num ponto de cultura, queria que fosse mais anarquista, do jeito que ele acreditava e abre o mutirô.

que é uma outra referencia histórica aqui no mercado sul

 

começa fazer mutirão pra tudo… pra pintar as coisas, pra fazer pamonha, pra organizar mil gibis que chegaram…

 

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e a comunidade.,,

a joelma, o zé serralheiro…

conta a hisória que essa loja que é ocupada pelo invenção, era ocupada por ele. aí, troucou, comprou…

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e uma coisa muito engraçada é ver as crianças…

os meninos que tinha 10 anos, hj tem 20.

são meninos que transitavam muito nesse ambiente.

são pessoas que se tornaram adultos muito legais.

 

ib30-abder-3-13 nada

 

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o coletivo motirô, o andré vem pro invenção, sai do invençaõ e aluga uma loja.

é uma coisa que aconteceu muito no invenção

muias peossoas que passaram por aqui alugaram uma loja, ou vieram morar…

catalizador…

e aí, o andré começa a fazer o coletivo motirô, que era um espaço destinado a ter um acervo de filmes e livros e gibiteca, e ele tinha a característica de ser uma mãezona.

gostava da cozinha cheia, gostava de fazer comida pros meninos, chamava as maes, todo mundo mexia,

uma pessoa muito disposta a ta com todo mundo o tempo inteiro, a casa era sempre muito cheia.

o invenção, era um espaço pra … nao lembro de gente morando aqui…

 

no andré não, ele morava então sempre tinha alçguém…

a casa era um lugar quase que público, tinha uma dimensão comunitária…

fazer coisas que era pra comunidade, além do individuo.

 

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a diferença é que o motirô tinha uma coisa com as crianças… e com as famílias.

o andŕe tinha muita paciencia;.

ele fazia de proposito.

a casa do vince foi mais organico… ele abriu a porta e a galera entrou.

 

mas o andré, ele fazia questão de fazer muita comida.

essa prática de cozinhar todo mundo junto, ela nasce com o andré.

 

a casa do vince vem ganhando essa caracteristica, só a diferença é essa coisa das crianças,

o andré provocava pra que a casa fosse aberta.

teve uma época que o andré alugou o invenção.

 

a gente tava passando por dificuldades

quando eu cheguei foram anos muito dificeis…

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o invenção tinha uma dimensão muito grande.

eu me lembro da reunião pra fechar as portas…

a gente tem um custo aqui de 3 mil reais.

agua luz, contador, internet, limpeza, e agora?

sem condições, vai ter que fechar a porta, não tem condições de manter.

 

o sentimento era um ponto de cultura, criou um nivel de despesa e não se preparou para o pós.

foi um periodo muito complicado, 2007, 8

era um contraponto… se a instituição ser o proponente da teia, apesar da teia ser um processo colaborativo, e que tentava de alguma forma horizontalizar o processo pra que vários grupos pudessem atuar junto com os pontos de cultura, a gente aqui tava com as portas fechadas.

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faz a teia com as portas fechjadas.

o inveção, ponto de cultura, como espaço físico, tava parado. não tem condição.

não tinha grana pra sobreviver pessoalmente, não conseguiu.

 

foi dificil, 2008, 2009…

 

complexo.

0450

teia, tem conflitos muito malucos politicamente…

ao mesmo tempo, que era legal e tinha umbloco dentro do invenção que achava legal fazer a teia, tinha outro bloco que dizia que a petrobras era exploradora, taí destruindo o nosso país, não deve aceitar dinheiro da petrobras…

vários processos que depois eu fui entender o quão sérios eles eram…

na época eu achava radical…

eu tava começando a fazer uma disucssão mais critica das coisas…

 

0530

e aí tinha umas discussões com a tv, com a rede globo, aí, vai ter um grande evento, a gente vai dizer que a rede globo não vai entrar, e não vai ter uma cobertura.. isso pra mim foi impactante…

 

lembro de ter participado de reuniões, nessa cosntrução da teia, dessas questões…

da teia em si, eu não participei…pq no mes, eu tava em temporada em santa catarina…

 

só me lembro dessas loucuras, muito peculiar as brigas, eram reuniões grandes…

nessa época, o invenção fazia reuniões semanais…

toda segunda feira, tinha reunião no invenção.

que era uma coisa interessante, ajudava muito os processos, entender, acolher as pessoas, colocar as pessoas como protagonistas..

pq a maior dificuldade que se tem quando a pessoa chega nova é dar protagonismo pra ela.

isso era muito ŕapido.

acho que até agora, a gente como mercado sul tem que aprender a fazer isso…

empoderar as pessoas logo.

chegou é isso aí, toma a chave, tem trabalho pra fazer, nada deles, é tudo nosso.

 

isso era muito forte, ter as reuniões semanais, ajudavam a sempre ter gente…

por mais que saia gente, chegava gente.

a pessoa chegava numa reunião administrativa… já dava pitaco.

tinha esse jeito.

 

0720

eu sempre gostei de estar aqui.

o invenção pra mim é um lugar que eu sempre acreditei muito.

nesses 11 anos, nunca saí, sempre estive pq eu me identifico e tenho muito carinho por essa maneira de construção, por esse trabalho que já foi feito na história, por perceber como isso reverbera em tantos lugares…

se conversar com seu estrelho, vai dizer que o invenção é um dos padrinhos..

o menino da ceilandia,

o mamae taguá

 

e é dificil pq é tudo muito organico, foi pessoas que daqui foram pra lá e de lá pra cá, e ajudaram que isso acontecesse..

mas no momento, voce não sabe… ah, vamo lá? vamo!

 

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1o, em nenhum momento o mercado sul é invenção brasileira.

durante muito tempo, tudo o que acontecia no mercado sul é invenção brasileira… independente de ter virgilio, de ter motirô… ou qq atividade que tivesse, era invençaõ

isso ficou marcado muito tempo.

 

demorou até que isso se diluisse, até pra imprensa isso era o claro.

vou no mercado sul, não? vou no invenção.

 

eu lembro que eu fui um que instruiu muito jornalista… entrando em cada espaço, apresentando, mostrando que tinha uma logica autonoma…

 

isso não era claro… eu tb não entendia como tinha chegado ali, mas eram vários grupos.

 

eu não consigo desentrelaçar essa trama,

 

acho que foi antes da teia, acho que ateia foi resultado… não estava, nao consigo resolver..

mas q tá num campo mais ideologico do que prático…

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uma das pessoas que vieram não ficaram no pónto de cultura por uma diferença politica, pensar diferente.

de pensar a atividade cultural e como ela se dá.

sinto que era antes da teia.

acho que tem que desvelar e compreender.

 

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senão também não quero ficar numa bolha no meio de pessoas …

há uma prática pensada de portas abertas, ela precisa ser de fato

é uma autocritica.

se o magnus não tivesse me recebido como ele me recebeu, eu não taria aqui hoje.

se não tivesse ficado 4 ou 5 horas comigo falando besteira, é um jeito me receber.

 

é o jeito que o chico.. de entrar aqui, ele pegou um quadro branco e passou horas me explciando dramaturgia…

começou a escrever no quadro…

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como ocupação, acho que tem uma reflexão de carinho, de afeto…

tá falando de pessoas.

pessoas vem, quer ajudar, e não acha um jeito.

precisa construir esses mecanismos de aproximação.

 

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veio muito anarquista pra cá, libertário, uma galera extremamente progressista, uma leitura de mundo radicalizado…

2005 a 2008, que o ponto de cultura demorou um ano a mais pra fechar…

esse periodo é o apice da chegada dessas pessoas.

é quando eclode vários ativistas do brasil inteiro…

é engraçado, o invenção é muito mais o que se fala do que se é.

0110

vem uma delegação da china, o que é um ponto de cultura? vamos levar no invenção…

 

a proporção que tomou isso, acaba tendo uma …

mas sobre esses entrelaçamentos que a gente não entende, eles tão muito mais no individual…

todo mundo se reconhece, de ter ficado um tempo no invenção..l.

 

mas     tá campo individual do que coletivo.

eu tento compreender… e vejo assim… tentei entender… mas ó…

 

0210

 

fabiola… eu conheci ela, ela brincava com o chico no mamulengo.

ela tocava um processo de pedagogia, com educação, muito proximo do sitio geranio onde já tava virgilio.

teve um entrelaçamento tete-fabiola-tabata… tete de alguma forma levava as meninas lá pro mamae taguá.

tem uma atuação determinante lá.

 

0315

quando eu cheguei, tava no meio de uma montagem que era o ‘nascimento’ que era a genese do mamulengo. então todas as pessoas eram elenco do espetaculo.

a nara fazia os cenários.

a fabiola interpretava, tabata, o chicquinho fazia musica…

era maluco.

tinha um jeito de operar era anarquista total, sempre foi.

horarios estranhos… nunca sabia onde tava a chave…

 

0400

a nara, é bem pessoa, era companheira do farid, já trabalhava com design, mas não tinha a lojinha… e era do grupo de teatro.

antes, eu ouvia falar, era do lua de luanda e dos cabuleticos, que era o grupo de maracatu que ensaiava aqui.

aí, tem que incluir o caranguejo pq, o ensaio de um gurpo de 10 pessoas, era diferente.

hj beleza, tem um numero razoavel de grupos de percussão.

mas 12 anos atŕas, não tinha.

muito poucos grupos atuavam nessa área.

 

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farid morava no mercado sul, era casado com a cibele…

um paulista cabeludo barbudo, bem anarquista…

tinha proximidade com o motiro, com o invenção, mas já tinha saido do invenção… foi antes.. não consigo entender…

 

0050 moises, figura impar… tenho um carinho e afeto muito grande.

era um negro, grande, forte, diferente, que esculpe boneco com uma delicadeza que é fenomenal, com uma faquinha… e tinha uma loja ao lado do invenção…

que era um espaço que as pessoas frequentavamm. era a oficina, era casa dele…

era um cara ….

 

ele, o joaley, tao na linha dos caras…

pq o virgilio… é papelão.

eles, o moises e joaley, faziam de tudo. tem que consertar encanamento, tinha uma habilidade manual muito forte…

e tambem musicos… importancia pessoal comigo é de ta sempre com musica.

0200

ouitra coisa que tinha muito era roda de coco.

desparareceu.

 

juntou mexeu, daqui a pouco, começava a tocar.

2 da tarde, quarta feira, ninguém trabalha nesse negocio…

era engraçado.

não sei onde parou, acho q tinha mais musico… coisa dos cabuléticos ensaiarem aqui.

 

o dia a dia sempre foi permeado de muita música, muito coco, principalmente.

 

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acho que  farid é um dos primneiros a morar no mercado sul..

depois vem o virgilio, durante o tempo tenta morar em outro lugar,  e o andre já vem pra morar e trabalhar.

 

com certeza morar e trabalhar no mesmo lugar cria uma outra relação, pq vc passa a ter mais pertencimento nesse lugar, pq a noite voce vai encontrar o vizinho que passou o dia trabalhando, tomar café na casa do outro… essa coisa de morar e trabalhar criou um vinculo comunitário muito forte.

 

0105

fez com que as pessoas estivessem mais proximas, e como já tinha essa caracteristica de humanizar mais o processo, ver os vizinhos… isso não acontece em todos os lugares..

 

é maluco,

voce sabe que a cidade é feita pras pessoas morarem sozinhas, ficarem sozinhas, mal mal aquele bondizinho pros vizinhos… e auqi, não, pelo menos há uma tentativa.

 

0220

perto de 2008, o invenção fecha  a porta.

fecha no limite de alugar p outra pessoa.

nós mudamos pra uma lojinha do outro lado…

e com a porta fechada, nós tinhamos um projeto aprovado.. que era o candango do barro branco… e nós, o que vamos fazer? vamos montar!

 

a gente faz umas 10 reuniões que era só eu e ele.

 

a gente chama o imaginário, que era esse grupo de teatro que tinha aqui…

a luciana, que ajudou a escrever o proejto..

começa a chamar as pessoas e ‘vamos fazer o espetáculo’ e foram 6 meses muito interessante que … deu uma sobrevida pro invenção, que tava fechado e ninguém queria tocar… não é isso.

 

o chico continuava na militancia mas ninguém queria assumir.

 

deu uma retomada no sentido de montar o espetáculo, viajou com o espetáculo…

0400

e nessa lacuna que o invenção tava de portas fechadas, o motirô começa a fazer ações como o invenção fazia…

começa a fazer festa junina, as primeiras festas começam, antes de datar essas 7 edições, o motiro já tinha feito umas 3…

bandas, vamos tocar no motiro..

comida, coisas muito informais e coisas mais formais…

 

0440

o motiro é determinante pra ajudar essa diversidade do mercado sul ganhar forma e identidade… era muito claro e diferente a atividade do motiro e do invenção.

apesar das pessoas serem as mesmas…

 

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e aí, começa a crescer muito

depois do motiro, tem a saida do motiro, e passa ter muitos grupos.

 

sai o motiro, e tem o tiago, vem a luciana, tem o virgilio e começa um fluxo pra outros espaços que naõ são o invenção..

 

a transição ela se dá desses vários grupos que vão aparecendo…

esses novos processos, ecofeira, ocupação, eles se dão num outro espaço pós espaço cultural mercado sul.

 

pq o espaço fisico pra atividades culturais fechados sempre foi o invenção.

pq era o unico lugar que podia fazer oficina, espetáculos…

0100

e então, 4 anos atrás,   5 grupos que atuavam aqui no invenção, não mais se reconhecendo como inveção, pra fazer oficina de teatro, pra fazer capoeira, eles alugam  uma loja e fundam o espaço cultural mercado sul

 

os grupos que fundaram são gunga, casa moringa, eu livre, grupo semente de jogo de angola… esses grupos começam a fazer uma outra caracteristica, que o espaço era do outro lado.

 

começa a ter saraus, shows, atividade de rap, e começa também a ter uma independencia do espaço fisico.

 

alguns tipos de atividade que teve que acontecer aqui…já teve ecofeira que aconteceu toda aqui

de tá chovendo.

monta todas as barraquinhas aqui

 

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a ocupação

esse mercado sul começa a crescer muito

e muitas espaço, tem muitas atividades e aí, aluga esse lugar que é o espaço cultural mercado sul, que era pra suprir, que também o invenção não comporta mais.

esses grupos vaõ pra esse espaço,

esse espaço sobo o aluguel repentinamente, esses grupos ficam sem lugar…

 

e havia um movimento de estudo do mercado sul, poxa, o que tá acontecendo…

um monte de loja fechada, várias notificações de saúde pública… o que esse proprietário quer com as lojas?

 

aí, discute:

vamos ocupar, vamos buscar o nosso direito, e descobre que é nosso direito de acessar imóveis que não tão cumprindo a função social, você pode juridicamente pedir que eles sejam dados pra outras pessoas.

e a partir dessa ideia que tá tudo abandonado.

aí, vários grupos do df  e do mercado sul resolvem então fazer a ocupação cultural mercado sul vive.

que era uma estratégia de ocupar a cidade, de resignificar a cidade, construição de direitos da cidade, na prática.

de pensar a cidade tem problemas, como é que resolve, botando a mão na prática.

além disso, a construição de espaços de oficios, pra que artistas e fazedores de cultura tenham possibilidade de espáço pra desenvolverem essa produção.

 

então, hoje tem oficinas, pra ser espaços de oficio, espaços abertos colaborativos, ecoloja, e tem espaços de moradia.

 

era uma demanda, ocupar as lojas era uma questão de sobrevivencia…

de que a gente precisa de espaços pra que o que a gente faz, continue sendo feito.

 

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a construção que o motiro faz dentro do mercado sul de papel mais comunitário,

ele se deve mais principalmente ao andre duarte e a elaine.

 

que o andré, por mais que várias pessoas colassem pra fazer… a vamos organizar o acervo de livros, eles 2 eram que tocavam

 

eles começaram com a iniciativa do motiro, parte de produção de aliemntos….

 

opa, voltando…

o andré e a elaine fizeram foi um livro de culinaria do mercado sul

pegar as receitas que vários moradores tivessem, e a primeira, foi fazer o pão de mel que a joelma fazia.

eles fizeram um caderninho escreveram a primeira receita,

a partir daí vem um movimento de cozinha, pensar num lugar que fosse auto gestionaria.

 

e aí, continua… muitos anos depois quando há o rompimento do andré e elaine, elaine continua no processo de produção de alimentos diferenciada.

passa muito tempo aqui dentro fazendo alimento.

 

0150

abriu um cafero no plano e tagua… tinham produtos diferentes..

macarrão com shitake, pão de mel que era um absurdo…

qualidade..

ainda hj elaine trabalha com alimentos, agora com o cio da terra.

 

…continua produzindo.

 

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0040

 

é dificil explicar o mercado sul.

originalmente, ele é uma area especial para mercado.

começar pelo territorio.

 

ele é esse lugar, 2 conjuntos de 28 lojas e um conjunto de box…

dentro desse territorio, temos um cenario que é o movimento cultura, nós temos a comunidade, os moradores, lojistas… e o movimento de ocupação cultural, que não necessariamente estão todos os moradores e todos os artistas.

0122

a ocupação é um organismo foi pensado pra ser um espaço aberto.

de alguma parte a gente conseguisse receber as pessoas,

por isso o grande desafio de ter o mercado sul de portas abertas.

 

é pensar que é uma açõ que ela deve ser tomada pela cidade.

a ocupação tem a pretensão de ganhar essas lojas dar elas pra cidade.

o grande desafio é conseguir fazer esse trabalho de realmente devolver esses espaços pra cidade.

mostrar que isso faz sentido e diferença na cidade,

pensar numa cidade melhor a partir disso.

 

é muito maluco perceber as esferas que o mercado sul tá, pq tem grupos como o mpl.

 

o mpl tá aqui desde o motiro, sempre se aproximando meio de leve,. sem saber como chegar

pq desde as atividades do invenção, do virgilio, do motiro… são espaçlos que tão pagando um aluguel, que de alguma forma cria um pequeno impedimento pra ter mais autonomia dentro do espaço

 

a ocupação vem pra tentar romper com isso, aí, opa, ocupaçao… vamo tá dentro.

 

e várias pessoas tem se colocado em vários lugares, e essa coisa de tá em vários lugares do brasil e do mundo, é fruto desse tipo de perspectiva trabalho que o mercado sul vem fazendo ao longo dos anos.

 

pq a gente tá na rua, não é o invenção, é uma prática comunitária… uma prática que tá nas comunidades tradicionais… existem outras perspectivas… outros lugares tambem tem desenvolvido essas praticas.

0330

no decorrer desses anos, o invenção tá 14 anos no mercado sul.

 

a atividade cultural e artisticas tem 20 anos

sao muitas pessoas que passaram e levaram e deixaram um pedaço daqui, essas troca…

tem que fazer um estudo de egressos…

tem um tipo de pesquisa de egressos, que fala como é que as pessoas chegaram nesse lugar, onde é que elas foram para e como é que influencia..

são muitas pessoas.

 

é dificil mensurar… são muitas pessoas que ficaram aqui, anos.

não só que passaram uma semana.

e tem muitas que ficaram.

 

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acho que sempre foi um desafio viver de cultura.

e ser aceito como um fazedor de cultura.

viver de cultura ainda não dá camisa pra ninguém.

 

há um preconceito natural com os cabeludos e barbudos.

isso é um paradigma que a gente vem tentando vence-lo.

 

então aqui no mercado sul … isso é bem pior antes.

no começo era bem dificil… era macubeiro e maconheiro.

 

isso era dado

um cara que tá tocando tambor 2 horas da tarde, ele não tá ensaiando.

tá fumando maconha e viajando..

 

acho que é uma dificildade diária, a luta comunitária é uma luta diária, não são so flores.

exige paciencia, reflexão, tem que refletir e agir, pensar, refazer e não desistir.

 

pq é muito mais fácil brigar com vizinho.: não falo mais com você

 

mas uma atividade comunitária ela exige uma atenção pq ela tem que ser plural, tem que representar a diversidade, tem que ta de acordo com o discurso

e eu vejo que a gente tá melhorando a cada ano.

 

hj tem 3 ou 4 vizinhos que tem mais dificudade.

antes tinh 20.

como é que isso tem sido mudado?

com ações práticas.

a gente trabalha.

to tocando na rua essa hora da tarde, pq estou ensaiando.

to aqui sentado nesse momento pq eu to refletindo sobre aqulo que eu tenho que construir.

 

a gente criou uma maneira de viver, um modo de vida e pensando no futuro, acho que o futuro é poder viver bem.

é poder tá aqui e poder saber que tem espetáculo, que as crianças tem momentos de formação, continuamente, diariamente, cada vez mais qualidade, poder viver disso que a gente faz com mais qualidade de vida sem ter que arrancar o cabelo todos os meses.

 

0220

ser reconhecido com otrabalhador, essa compreensão de que o artista é um operario.

ele não é o glamour do teatro, isso é conversa fiada.

pq 95% dos artisas do mundo são operários.. e é isso que a gente quer.

o futuro é dignidade, é ter espaços com qualidade, poder atender os artistas que vem se apresentar com uma esturtura que seja legal pra se apresentar, é ter lugarespra receber os artistas que tão passando pela cidade.

 

esse é o próximo passo, que tá sendo cosntruido.

é dificil chamar de sonho, é um sonho, mas é um sonho que tá sendo realizado, não aquele que fica na cabeça,

compreendendo que são processos.

 

precisa ir construindo. e tá fazendo.

a gente tá no caminho certo.

todos esses anos que to no mercado sul, eu nunca tinha visto um momento tão positivo..

em todos os espaços, todas as ações..

as coisas tão indo num bom sentido de trabalho.

 

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taguatinga

eu nasci e me criei em taguatinga, uma cidade que eu sou apaixonado.

 

eu nasci e cresci andando pela comercial sul e norte.

indo pro teatro da praça, matando aula na escola pra ler livro da biblioteca machado de assis.

tem coisas que não dá pra contar em detalhes,

mas tem o teatro rola pedra, o lugar onde o legião urbania lançou seus 2 primeiros discos.

isso pruma cidade que foi a capital do rock, é muito importante.

 

os mais velhos contam da cassia eller cantando em trio eletrico… tinha muito isso.

 

isso é muito significativo na cidade.

uma cidade que é fundada pra atender o que vieram construir a capital da esperança.

a história fez dela uma cidade de luta.

quando pensa em cosntruir brasili,a a capital.. então começa a colocar…

0110

o próprio constantino, hoej que é dono da empresa de onibus era dono da empresa de pau de arara,

fazia pau de arara com carro de som, chamando as pessoas do nordeste pra virem construir a capital da esperança.

 

traz todo mundo e agora volta pra casa,

não vamos voltar…

e aqui começa a se fazer uma vila de pessoas que ocupavam os lugares e funda uma cidade é, do meu ponto de vista, e’ uma cidade de luta.

e essa cidade é estuprada na ditadura.

essa criança é violentada de uma maneira muito drástica, e passa muitos anos no silencio.

 

e quando começa a abrir essa porta do silencio, começa a se fundar os grupos de teatros, fazer as festas, a faculta…

0200

tem histŕoria da decada de 80 as pessoas botavam 20 mil pessoas na rua.

os mais velhos contam que não tinha autorização pra fazer aquilo.

montava festa de depois chegava alguém com a autorização

 

são momentos mágicos, são histórias… uma cidade que no df, ela é protagonista, ela é uma grade cidade, com seu próprio comercio…

 

e durante muito tempo, o mercado sul tem feito isso de .. rever o fluxo.

 

o recorte social do df, faz com que as pessoas vão para o plano piloto, pra brasília.

a cidade foi criada pra que as pessoas fossem pra lá e não pras suas prórpias cidades.

 

e nos anos 80, o movimento cultural foi tão forte que ela conseguiu reverter o fluxo.

 

0300

as pesoas saiam do plano piloto e de outras cidades pra ter o acesso a cultura, de uma forma diferenciada e hoje, o mercado sul faz isso, em alguma medida, as pessoas tem vindo de outros lugares pq as pessoas sabem que tem coisas que só acontecem em taguatinga.

 

a cena jovem, a cena alternativa é muito forte. as praças de taguatinga são muito cheias.

as esquinas, dizem que brasília não tem esquinas, mas taguatinga tem.

ainda tem muita gente, vc vai na praça do relógio, no teatro da praça…  que é um simbolo da manifestação cultural do df, que é um lugar de muita resistencia, de luta.

 

vc vai lá as 3 horas da tarde numa segunda feira, vai ter 30, 40 jovens sentados, exercendo seu papel de pensar. de criar… taguatinga ainda consegue criar espaços pra pensar.

taguatinga ainda consegue construir espaços pra pensar. que é o que qq cidade carece.

0400

e taguatinga consegue faz essa ponte, e faz sempre pensando, fruto da galera, não só os artistas mas o pessoal que veio desbravar essa cidade, e construiu com muito suor muita luta pra se ter uma cidade.

 

0420

lugares

de significado, o teatro da praça é um lugar que eu tenho muito carinho…

apesar de sempre tentarem abandonarem, que o estado e o governo fazer que a gente não entre nele, ficar disputando com cerimonia de formatura, de ter todos  equipamentos roubados… eu gosto muito

é um lugar que eu vou desde sempre.. se vai olhar os albuns de fotografia, decada de 80 todos os grandes espetáculos passaram por ali

0500

e sua arquitetura, seu jeito de existir, do lado de uma escola, de uma biblioteca…é um lugar que eu tenho muito carinh.

 

e outro lugar são as avenidas, taguatinga é um bom lugar de se andar, de se fazer caminhada.

gosto muito da cnf. parte da minha formação politica vem do bar do kareka

 

me lembro perfeitamente, eu com 15 ou 16 anos, meu pai descobriu que eu tava tomando cerveja.

aí ele me levou no bar do kareka. ao invez de reprimir…

eu sempre ia no bar do kareka, não bebia, sempre estávamos juntos…

 

ele  me leva lá, senta no balcão, enche meu copo, enche o dele, e fala:

0600

você pode beber, tome cuidado. não precisa esconder as coisas de mim, não.

e eu  bebi a cerveja.

isso foi um voto de confiança…

eu já ia ali e lá encontrava miultinho, ze regino, ruiter, chico… a galera do movimento cultural todo sempre tava por ali.

lá eu via grandes espetáculos, recitais de poesia então o bar do kareka é muito importante…