Entrevista – Alexandre Aden – Invenção Brasileira 30 anos

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Ib 30 – Alexandre 01

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Eu falo, começa como? Oi, amigos, aqui é o Alexandre Aden, da Aden Violões; nós vamos contar um pouquinho aqui da história do Mercado Sul, de quando começou, vamos dizer assim, o beco da cultura, o Ponto de Cultura aqui

 

30”

na região de Taguatinga em Brasília, no Distrito Federal, não é isso? Vamos. Olha, assim, na verdade começou tudo com meu pai aqui em Brasília. Na década de 60, que foi construído o Mercado Sul, não sei bem a data exata, mas meu pai veio pra cá,

 

1’

comprou algumas lojas aqui e já montou a Aden Violões. Aí depois que o…começaram as lojas aqui, lojas, shoppings, esses negócios, meu pai tinha um imóvel em Taguatinga Norte, que é um bairro aqui também de Taguatinga, e como a gente morava lá nesse prédio, a gente passou a oficina pra lá. Aí depois resolvemos voltar e já tamos aqui no Mercado Sul há mais ou menos 28 anos, novamente. O Chico Simões eu já conhecia o Chico Simões

 

1’30”

e o Chico começou a vir aqui pra procurar uma loja pra alugar, então nós tínhamos essa loja, era da minha irmã, do meu pai, eles pegaram e passaram pro Chico, falaram: “ Não, Chico, vamos trazer você pra cá também”. Foi quando começou, né, o Invenção Brasileira, 30 anos do Invenção Brasileira?

 

2’

Isso aqui estava desativado, tava abandonado, realmente, literalmente, dizer que tava abandonado. Eu vim um dia aqui pra ver, que essas lojas eram alugadas, eu vim aqui pra ver e falei: “ Não, pai, pô, a gente com umas lojas tão boas dessas, um local bacana, vamos revitalizar” Aí nós trouxemos a oficina pra cá e começamos. Através, depois veio o Chico Simões e começou esse movimento todo que hoje, muito bacana que está acontecendo aqui. Isso aqui conta uma história de Brasília;

 

2’30”

na década de 60, a maioria assim das pessoas que eu conheço, mais assim de idade, eles falam: “ Gente, isso aqui era uma coisa fabulosa, aqui você encontrava de tudo. ” Tudo tinha um pouquinho: sapataria, farmácia, açougue, armazém, loja de roupas e, assim, muitas coisas. Quer dizer, depois descentralizou, isso acontece muito e não pode deixar acontecer isso, Brasília precisa disso, assim

 

3’

de coisas que contem uma história pra não ficar aquela coisa, o povo fala: “não, é cidade dormitório”, vamos dizer assim, o cara só vai trabalhar e vai embora, não tem o calor de outras cidades; não, tem sim, tem muita gente boa aqui porque essa miscigenação de gente de todo lado do Brasil, se forma o quê? Uma outra cultura, uma integração de conhecimentos de regiões. Não, não, eu não era nem nascido

 

3’30”

na verdade, quando meu pai, ele conta a história eu não era nem nascido. Na verdade, quando eu vim aqui foi nos anos 80, foi quando eu comecei a vir aqui. Olha, eu cheguei ainda a ver muita coisa funcionando aqui, eu era criança, mas eu me lembro de vir aqui porque eles vinham fazer compras aqui, então eu cheguei a ver algumas coisas. Depois, realmente, parou tudo, acabou mesmo, fechou as lojas todas e ficou abandonado,

 

4’

claro, são coisas que aconteceram de prostituições, esse negócio, mas uma coisa que foi muito irrelevante, nem caracterizou nem marcou nada aqui, não. A que mais assim, o povo até em si conhece o Mercado Sul como um ponto de comércio mesmo de compra, venda, de trocas, esses negócios, esse lado até vamos dizer assim, meio sombrio ou coisa que ficou meio abandonada, isso aí o pessoal já passou, esquecido. E hoje está muito bacana, pra você ver, né, os movimentos que acontecem aqui;

 

4’30”

nós mesmos, o Chico Simões, nós aqui fizemos muitos eventos aqui alguns anos atrás, fizemos muitos eventos para integrar a comunidade, o pessoal que morava aqui, novamente nesse espaço. Viola e outras prosas, olha esse projeto foi muito bacana, um dos projetos que nós fizemos com o Invenção Brasileira e com o Chico Simões, foi muito bacana; o que que acontecia? Todos os sábados nós pegávamos, como éramos os anfitriões,

 

5’

nós cantávamos, nós temos uma dupla, que é Advogado e Engenheiro, que é meu pai, formada com meu pai, e nós o que que fazíamos? Nós trazíamos uma atração todo sábado diferente: uma pessoa, um cantor, um grupo de teatro, alguma coisa assim pro pessoal ficar conhecendo, e isso o que, o bacana o que que era? Gratuito. E um lance legal, o que que a gente fazia? Depois que acabavam todas as apresentações tinha uma cozinha estilo

 

5’30”

caipira, assim, e sempre tinha uma comida tradicional de uma região. E era oferecida ao povo que vinha pra assistir os shows, as apresentações de: às vezes tinha cinema, tinha boneco, teatro, música, era uma coisa muito bacana e ao final disso tudo o pessoal degustava, comiam, por exemplo: canjica, arroz doce, arroz com galinha, feijoada, esse troço todo

 

6’

e a gente montava, caracterizava mesmo uma cozinha com fogão caipira, muito bacana esse projeto, foi muito legal; foi mais ou menos um ano esse projeto. Eita, assim, acho que tem uns 10 anos, mais ou menos, 10 anos. A Tetê, é, a Tetê fazia a cozinha com a Rose. A minha irmã também participou muito aqui que ela até morava no Mercado Sul, ela ajudava

 

6’30”

em toda a organização, nas montagens, depois na distribuição e o que acontece? Hoje, até hoje, o pessoal me pergunta: “ Rapaz, quando vai ter aquela roda de viola, cadê o pessoal que cantava, não sei o que”. E nisso, nós trouxemos muita gente, assim, pessoas de outros estados, pessoas que ficaram conhecendo esse espaço e até pessoas que moram aqui no próprio bairro não conheciam, não sabiam que existia isso aqui; eles ficam surpresos, às vezes, de saber que tem um

 

7’

teatro, vamos dizer assim, de bonecos, teve o pessoal dos tambores que também fez, de maracatu. E o Chico fez um trabalho muito bacana aqui nessa época, juntamente com a gente, claro, e eu ficava surpreso das pessoas falarem: “ Caramba, um negócio tão bacana, que integra todo mundo e a gente não conhece. ”

 

7’30”

mas, como é que era? Como que é esse universo aqui em Brasília?

Muito bom, muito bom. Assim, na década de 90, 2000, tinha um pouquinho de restrição do povo porque achava que era coisa assim, que não era coisa cultural, mas o que acontece? Quando a viola tomou espaço na mídia, vamos dizer assim, a visão foi outra, aí mudou tudo. Hoje, você vai fazer uma apresentação, tocar, se não tiver uma moda de viola, se não tiver uma viola

 

8’

caipira de 10 cordas, o povo fica reclamando, pra você ver como é que muda a conscientização quando é mostrado. Eu acho que deveria ter mais projetos assim, incentiva. Todo Brasil. Olha, nós temos instrumentos pode dizer, praticamente, no Brasil todo, temos, já mandamos instrumentos pra Israel, pra Alemanha, pros Estados Unidos, Bolívia, Argentina,

 

8’30”

lá no museu em Berlin tem uma biografia nossa contando um pouquinho a nossa, um release, contando um pouquinho da vida do meu pai, principalmente do meu pai, minha, claro, que tô acompanhando ele, e em La Paz, na Bolívia também tem, mais ou menos igual, esse projeto, assim, de mostrar a cultura de vários países. Graças a Deus, nós estamos contando um pouquinho a história do Brasil.

 

9’

ou vieram depois?

Não, meu pai é de Corumbá de Goiás, nasceu em Corumbá e se radicou em Goiânia, eu nasci em Goiânia, mas eu vim pra Brasília muito novinho, acho que eu tinha cinco anos de idade, então eu vim muito novo, mas assim, a ligação de Goiânia, do estado de Goiás dentro de Brasília é muito forte, não tem nem dúvida, tem nem como dizer que não. Olha, nós não temos assim uma freguesia específica, a gente só faz sob encomenda,

 

9’30”

então, nós somos luthiers, somos assim, vamos dizer, os artesãos da música, mas nós já fizemos assim, podemos destacar: pro Gilberto Gil, que foi Ministro da Cultura, Almir Sater, Chico Rey e Paraná, Zé Mulato e Cassiano, que é uma dupla regionalista bem conhecida no Brasil, Pena Branca e Xavantinho, então essa galera toda, mas qualquer pessoa que tiver interesse, que quiser, a gente faz do mesmo jeito.

 

10’

Ah, eu fiz também um violão pro Doris Day, que foi guitarrista do Elvis, hoje ele tá com 81 anos de idade.

 

Ib 30- Alexandre 2

0”

Olha, quer ver uma coisa bacana? Não vou dizer que começou com a gente, mas nós puxamos, vamos dizer assim, nós puxamos: depois que nós viemos pra cá vieram artistas plásticos como o Branco, pra salientar, porque o Branco ficou aqui um período, Virgílio está aí também,

 

30”

o Abder tá aqui também, o Chico Simões, claro, tem que salientar. Se a gente for numerar aqui, hoje tem, o Diamantino mesmo que até nós falamos, no início, falando do Sinval, falamos do Diamantino, hoje são pessoas que vêm pra cá pra poder cantar, pra ensaiar, pra poder treinar as músicas deles e você imagina quantas pessoas passaram aqui, né, Abder, pra poder estudarem, fazer laboratório, num espaço desse que estava abandonado.

 

1’

Então, gente, a gente tem que pensar o seguinte: nada nesse mundo é desperdiçado, depende de você remanejar e usar; se você usar pro bem só tem a ganhar e crescer, não é verdade? Ah, olha, se eu for falar, quer ver: na verdade começou com meu avô, não posso deixar de lembrar meu avô, que o meu nome é em homenagem ao meu avô também; ele era rabequeiro

 

1’30”

e violeiro, ele fabricava, isso na década de 30. Aí vem meu pai, eu, meu filho que toca, o Matheus, que trabalha comigo também nos violões, meu sobrinho, que é o Breno César toca, eu já tenho um sobrinho neto que toca, já faz shows; minhas irmãs, todas elas cantam, a gente canta mesmo, profissionalmente, toca mesmo, então é coisa assim, que está

 

2’

no sangue da família, não tem como tirar isso fora. Eu já tentei até trabalhar em outras áreas, assim, no início, mas vou, giro, giro, paro no mesmo lugar: nas violas nas músicas, não tem como. Beleza. Foi satisfatório?

 

Ib 30- Alexandre 3

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Pela Caixa, foi um projeto bacana que nós fizemos, viu, é porque não é da sua época aqui, senão você ia ver. Você chegou a pegar?  Pegou? E depois veio o Jef, você lembra que o Jef ficou aqui com um movimento, depois, depois foi e parou. Rapaz, quantas nós já fizemos, quantas apresentações aqui dentro dessa loja aqui, viu.

 

30”

A gente fazia um negócio legal aqui e nem pensava muito em grana. Assim, engraçado, a gente não pensa muito nisso, né cara, mais é uma coisa cultural mesmo; a gente que gosta assim da arte, que gosta das coisas, é engraçado, vou dizer que o dinheiro é necessário? É! Mas não tem que ganhar milhões de reais, não, igual esse povo quer ganhar aí, não, e sem fazer nada. Nós, pelo menos a gente faz alguma coisinha, traz alegria, né, velho, pro povo, não traz tristeza; igual o trabalho que o Abder faz da mímica,

 

1’

putz é muito bacana, um dia, eu nunca tinha assistido, um dia você fez aqui, eu assisti, falei: “ Caraca, velho” não tinha assim essa intimidade, muita amizade, intimidade, né, claro que você tava começando a vir, putz, que coisa bacana, você vê que arte é de todo jeito mesmo.