Entrevista – Beirão Neves – Invenção Brasileira 30 anos

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o mamulengo, na verdade, o brincante, ele representa essa estrutura social do brsil

 

essa brincadeira, vem mostrando a cara social do brasil há muito tempo.

o teatro real

 

não sei se tem alguns que querem maquiar, mas a verdade é que o coronel que é representado, o vaqueiro, o benedito, é a cara do brasileiro.

éo que o brasil é.

 

são as essencias da nossa cultura,

e o povo quando assiste se identifica automaticamente.

 

a criançada que nunca viu, se impressiona com o boneco, com a fala, com o movimento,

com a propria história, a história do dominado, do amor, essa coisa do amor… vai envolvendo tudo.

acho isso muito interessante,

é um brasil real.

 

como ele é. não maquiado.

um brasil que as vezes a televisão mostra muito pouco, deveria mostrar mais, fazer o que?

os brincantes tão rpesentes aí, isso é que é legal.

é luta!

ser artista é luta,

ser qualquer pessoa é luta

o brasil tem que aprender q qq coisa é luta.

e quem não luta não vai conseguir nada, pq vai deixar as coisas acontecerem…

se vc não está muito bem com você mesmo, você tem que lutar pra melhorar

 

então, essa é nossa cultura.

nós temos que vencer sempre,

todo dia, e uma luta.

eu vejo nesse formato, a vida é isso.

é brincar, lutar…

mas lutar nos sentido de ter força pra poder seguir esse caminho.

 

em todas as coisas que nós procuramos fazer.

 

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(passeio no estandarte)

 

justamente, eu acho que essa capacidade do artista popular..

de entrar dentro desse mundo conteporâneo.

 

por exemplo, o brincante, ele vai num espetáculo.

ele vê um cara com o celular o tempo todo, ele já vai tirar uma onda com aquilo ali,

pq ele tem que tá ligado

 

o que impressiona é justamente isso,

a brincadeira é o que ela está ligado no moviumento do espectador, então ela vai sendo conduzida conforme… ele vai sentido o comportamento das pessoas, ele vai mudando a história, mas nao foge da história…

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o mamulengo, ele é pop, pq ele está em tudo.

eu vejo a cultulra popular uma coisa pop também.

 

ah, a cultura pop é o cara que toca guitarra ou naõ sei o que… que faz um rock

 

a cultura popular é pop em si, ela é universal.

 

essa coisa de colocar ela meio de lado… pq o cara… ah o mamulengo.

não existe.

se o papa é pop, a cultura popular é pop.

 

eu fiz sempre essa fusão do rock com forró, usei guitarra zabumba, sanfona,

apresentava no concerto cabeças.. sempre toquei com roqueiros..

 

e nunca descaracterizei luiz gonzaga, luiz gonzaga é pop, jackson do pandeiro é pop.

 

luiz gonzada nos anos 80 além de tocar com o trio, tocava com com banda, guitarra baixo bateria…

é como você conduz

 

vc não precisa descaracterizar a música que você faz pq tá tocando com baixo bateria.

 

eu vejo a cultura popular com uma cultura pop também.

 

ter a força de chegar ao povo e mostrar o que realemnte… o que o povo é e ver a cara do povo.

no mamulengo você tá vendo a cara do povo constrantemente.

por isso que dá certo.

 

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vê aí, o noel rosa já era pop desde os anos 20!

 

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então, o mamulengo ele é uma escola de vida,

é um aprendizado

pq cada brincante tem sua temática.

que as vezes o cara diz: ah, se parece muito.

 

pode ser parecido, mas cada um tem seu formato de apresentar…

 

então, se vc está acompanhando, no meu caso como músico, cada um tem a sua maneira e você tem que se adaptar a sua maneira.

e isso vai te ajudando a desenvolver e criar um formato pra que essa brincadeira chegue ao público e tenha uma resposta positiva.

 

nós tivemos sempre a oportunidade de se apresentar pra muita gente também, e tivemos sempre ssa resposta.

 

a coisa cresceu muito com a internet, a divulgação da cultra popular teve essa vantagem, que eu vejo que chegou mais às pessoas, através da cultura virtual…

é uma cultura que já vem de muito tempo, já vem com essa coisa de colonização do brasil…

 

mas já vai tomando um formato nosso, já tem um formato nosso, engajado.

e vai abrindo muito espaço.

 

até a televisão brasileira que mostra e esconde essa cultura popular, ela teve que abrir pq sentiu que tem uma força perante o povo.

 

o mamulengo é tudo isso, é a cara de todo mundo, é a cara de todos nós…

 

eu vejo é isso aí.

 

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então, o movimento cabeças, ele impulsionou vários movimentos na cultura.

não era só música, artes plásticas, teatro, cinema… tudo.

 

as pessoas elas tavam começando a se desenvolver esse campo artístico.

 

foi onde eu comecei, levando forró, cordel, isso também …

brasília nesse momento,

brasília não era essa população que hoje tem,

isso já se passou 40 anos.

 

você tinha aquela solidão e tinha pra onde ir, também.

e lá você encontrava as pessoas.

lá voce assistia e participava.

 

cada um mostrava seu trabalho e a sua manifestação, que desejava apresentar.

no meu caso, era a música mesmo.

 

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pra mim, tem muita importancia pra minha vida o movimento cabeças

hoje eu já sou músico profissional a muitos anos…

sem aquilo não aconteceria nada

acho que foi ali que eu me descobri.

 

embora tenha trazido isso do ceará, eu sou de fortaleza,

brasília é que me colocou nessa coisa  que tá aí, nesse mercado mesmo da cultura popular, que eu acho muito legal.

 

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tinha vários..

que eu me lembre…. renato matos.

muita gente passou por lá, zelito passos…

do movimento cabeças já surgiu também o panelão da arte… que era assim, um concerto cabeças itinerante…. depois foi pro cruzeiro, sobradinho… foi se movimentando.. a coisa cresceu.

 

e esse movimento ele se estendeu a um bar que chamava Bom Demais, que era da Cristina Roberto… ali começou aquele movimento do rock de brasília.

a Cassia Eller tocou muito ali, o Renato Russo ia lá.

eu tocava forrock lá também

e outras bandas, como arte no escuro.

 

aqui em taguatinga já tinha aquele grupo, Detrito Federal… junção de pessoas de taguatinga e do plano piloto

 

esses movimentos é que fortalecem essa coisa da cultura popular

brasília não é feita só de plano piloto.

é feita disso tudo.

de cidades satélites, e o que tá por aí.

 

o movimento cultural de brasília é isso aí,

 

então a importancia do mercado sul tá nisso.

as pessoas ficam vinculando brasília ao movimento do rock como se fosse só do plano piloto, e não é isso.

tudo bem, tinha o teatro garagem, mas aqui já vinha se formando outro movimento, ceilandia sempre teve…e muita gente seguiu seu caminho dentro disso aí.

 

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o rola pedra eu tive algumas vezes.

mas a minha participação mais forte foi aqui no mercado sul.

acho que o mercado sul é um local, onde se… como um caldeirão da cultura popular…

 

são várias pessoas que fazem coisas diferentes mas que estão nesse mesmo caldeirão.

e é disso aí que acontecem as coisas.

 

o paraibola é lenda, pq o paraibola é uma lenda do forró de brasília

como o ramil do baião, araujo do norte,

 

hoje se vc vê o movimento da ceilandia que é o …

primeiro teve o forrolandia.. na eṕoca do cristovam

 

e agora, já mais na nossa época, é o forro do cerrado.

mas se não tivesse esse movimento forrozeiro instalado na ceilandia, não acontecia nada.

 

o movimento do forró é muito instalado na ceilandia, muito artista popular da ceilandia.

 

como em outros lugares também.

no gama…

no gama tambem tem outros movimentos de teatro de boneco, planaltina.. e vai indo

 

brasília é um todo em si.

são várias cidades satélites, mas que tem um foco em cada cidade.

 

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dessa época, já tinha p Walter, já tinha o Walter por aqui..

 

tinha o Nilson Rodrigues que falou pro Chico que falou que era uma boa me colocar pra ir pra espanha pra acompanhar o mamulengo

e eu terminei fazendo essa viagem e viajei alguns anos com o Chico também.

 

ja fiz apresentações com o Thiago, e quando ia nesses festivais, acabava acompanhando outros grupos, eles sempre me chamavam…

 

fiz apresentações com vários grupos do nordeste, do sul…

 

então foi uma experiência boa, que conheci várias capitais do país, foi uma oportunidade pra mim pro crescimento do meu trabalho.

 

embora eu nao seja um músico assim…

 

eu tenho essas 2 fusão de ao mesmo tempo tocar forró pé de serra, e tocar rock com forró.

 

eu na verdade, dou a mesma importancia a jackson do pandeiro ao michael jackson.

considero luiz gonzaga comdo considero bach, beatles, rolling stones…

eu tenho essa noção de que o artista ele é universal.

 

chico simões é uma pessoa que já viajou omundo inteiro,,, outros mamulengueiros também.

 

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eu num vejo essa coisa de uma visão provinciana, por exemplo, os beatles são do interior, de liverpool, mas são do mundo!

 

os artistas populres são do mundo.

 

eu vejo a importancia da cultura popular da mesma forma como eu vejo a importancia da cultura pop

 

pink floyd, assistindo filme de glauber rocha, vendo cinema novo.

 

é minha formação, é mamulengo, cinema novo, é pink floyd, jackson do pandeiro, é gorgurinha..

tá todo mundo junto, o mundo é isso aí.

eu não separo muito não

 

eu vejo esse regionalismo… folclorismo… eu não vejo isso.

não,

cultura popular é a palavra certa.

 

folclore, parece que tá desprezando.

 

cultura popular ela emgloba tudo isso aí, é o que nós vivemos.

 

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as vezes você vai num país,onde eles não tão entendendo direito o que vc está falando, mas a expressão do mamulengo, juntamente com a música, eu não vi dificuldade nenhuma

pelo contrário.

 

eu vi uma grande recepção nas apresentçações que foram feitas fora do brasil, em vários países que já passei.

eu não vi dificuldade, eunão vi interferencia, ah porque é outra lingua…. nao

 

nos festivais onde participei, há uma interatividade total com o publico, muito boa…

 

a cultura popular tem essa coisa, um mímico, palhaço, vc consegue se comunicar sem precisar abrir a boca, só os movimentos já é uma comunicação

 

e o mamulengo tem isso, o boneco, a dança, a alegria…

e sei lá, esses mamulengueiros, os brincantes, acabam aprendendo outra lingua pra se comunicar melhor.

esse povo que tem mais experiencia, que são considerados mestres, sabem como se desenrolar nesse sentido.

tem facilidade de comunicação… eu acho que por que aquilo j’está dentro das pessoas

é uma coisa que fica interativo… e um pro outro… eles já tão acostumados.

 

é uma novidade e não é uma novidade.

 

não vejo barreiras na lingua, nessa comunicação.

visual e técnicas como se apresenta, acho muito bom isso.

 

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aquilo que o povo é, o teatro de mamulengo, representa aquilo que o povo é.

o cara se identifica muito com a brincadeira por que é aquilo.

o coronel, o brasil é isso, aí, o coronelismo, vaqueiro….

 

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eu vim pra brasilia em 66 e vim morar na asa norte, depois em 78, formei o grupo cearazinho, que era um grupo de forro.

 

e em 79 fomos apresentar no movimento cabeças.

que era um movimento que tinha na asa sul

comandada pelo neio lucio e outras pessoas que faziam parte desse movimento, movimento que marcou essa decada de final dos 70 e comçeo dos 80.

o concerto cabeças é muito importante pra história cultural de brasilia.

 

esse movimento de cultura popular que começou a tomar folego, ele representa muito bem brasília nesse sentido das pessoas que vieram de outros lugares e já vinham com essa bagagem culturla, essa coisa da cultura popula, es expressão do povo brasileiro.

 

eu só começo a participar do mamulengo sem fronteiras do mercado sul, que tinha uma viagem pra espanha, e eu viajei e fizemos apresentações em muitas cidades da espanha.

 

e foi uma coisa muito boa, que vc aprende muito com a questão da apresentção do mamulengo em si, do brincante.

pq o brincante, ele improvisa muito, e vc tem que tá experto daquilo que tá acontecendo no momento, então se você não aprender com isso, você vai ficar voando na brincadeira, pq vc não sabe o que vai acontecer.

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a música, essa trilha sonora, que também passa a ser um pouco improvisada

é uma música muito contagiante, e o mamulengo é um teatro que vai direito às pessoas na memória do que ela já viveu

 

então eu vejo isso como uma experiencia muito rica para o meu trabalho.

e terminei fazendo música pro mamulengo, e pra esse teatro de bonecos, no final gravamos até um cd que tem uma participação minha, e outros amigos…

 

e são várias músicas que tem essa tematica, essa fusão com a brincadeira.

 

pra minha formação foi muito importante essa experiencia no mercado sul de ter conhecido chico simões, de walter, thiago…

depois de muitas viagens, a gente vai aprendendo até a se relacionar com o publico.

o teatro de mamulengo é uma escola de vida.