Entrevista – Cacá Poeta – Invenção Brasileira 30 anos

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eu sou Carlos Augusto, e quando entrei no ginásio começaram a me chamar de Cacá,

eu vimo morar em Taguatinga quando meu pai morreu em 1962, a gente morava na vila planalto, aí, meu pai tava comprando uma casa na QSb 3, em Taguá, e morreu antes.. minha mãe concretizou o negócio e a gente ficou morando nessa casa uns 30 anos.. sei lá.

 

eu me mudei pra cá com 3 anos,

 

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Taguatinga tinha 4 anos,.62, tinha 4 anos.

eu nasci em Goiás, e vim pra Brasília com 1 ano.

MInha mãe falou que a gente já tinha morado em Taguatinga logo que a gente veio, ficou morando na vila dimas, um periodo, depois mudou pra vila planalto, depois voltou pra Taguatinga em 63.

 

a vila planalto já tinha sido em grande parte alagada,a vila era imensa,  pouco tempo antes, a maior parte da vila.

 

0200

 

que eu me lembre, quase nada dessas histórias   do período do surgimeno, eu sei que existe uma história importante que apareceu no filme Taguatinga em pé de guerra, que pedrancini participou..

e na primeira semana de arte de taguatinga, eu assisti esse filme …

achei uma história muito legal de se contar.

 

e da vila planalto, a história mais importante da forma como era tratada os trabalhadores dessa cidade, era o massacre da pacheco fernandes, que aconteceu no acampamento da construtura da pachedo fernandez, no carnaval … de um ano… nós publicamos uma matéria sobre isso na Cultura de Classe…

 

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e tem o registro das informações desse periodo lá, e também a gente sabe com muita segurança, que muita gente nega que aconteceu…

mas a gente sabe com muita segurança por causa do filme Conterraneos Velhos de Guerra, do Vladimir Carvalho, que ele entrevistou inclusive pessoas que tavam lavando roupa praqueles operários e quando foram entregar as roupas, eles não existiam mais, ninguém sabe onde foram enterrados, desapareceram com todo mundo…

 

por isso a história oficial tem que negar a existencia desse massacre.

 

mas eu vim pra cá com um ano, então, minha memória é a partir da QSB 3, em Taguatinga, estudei na escola, na minha rua mesmo.

era a escola 14, estudei os 5 anos de primário

 

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e de lá foi pra Eit.que naquela época, a gente chamava ginásio. depois do ginásio vinha o segundo grau, que é o ensino médio.

 

então, estudei na eit os 4 anos de ginásio e os 3 anos de segundo grau.

terminei meu segundo grau lá em 1977.

 

nesse período, em 1976, eu já participei de um espetáculo de poesias minha e de uma colega de sala, a Lia, Eliana Araujo. Nós 2 resolvemos montar um espetáculo pra feira de artes e ciências, nunca tinha feito teatro até apresentar o espetáculo mesmo.

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já tinha feito algumas tentativas, mas nada que tivesse ido até o fim,

e aí, em 76, a gente fez uma colagem de poesias, criou diálogo pra justificar cada uma dessas poesias, falando da nossa vida, das coisas que a gente acreditva..

 

tava batendo papo, e no meio do papo, inseri as poesias.

 

e esse espetáculo foi premiado como melhor espetáculo da feira de artes e ciencias de brasília.

 

foi a apresentação de concorrência… depois que cada escola mandava os espetáculos que seriam selecionados…

depois, essa apresentação foi na escola parque 76 e a gente, eu me lembro que tinha na comissão julgadora o lauro nascimento, que era o presidente da federaçaõ de teatro amador do df.

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e depois do espetáculo, vieram algumas pessoas a conversar com a gente… quem foi a professora? de quem era o texto?

a gente, ah, são nossas poesias..

quem dirigiu vocês?

não tinha direcção, a gente inventou fazer e deu certo.

 

interessante que eu tinha 17 anos, a lia tinha 16 anos e eramos só nós os autores do espetáculo.

 

nesse espetáculo tinha poesias que falavam das dificuldades, de pobreza do país, falavam desse sonho de liberdade que as pessoas tem, e 77, 76, esse período, a ditadura tava comendo feio.

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ai, as professras da gente, pra ter uma ideia, tudo era censurado.

então o espetáculo, pra acontecer na nossa escola, pro professores verem nosso espetáculo pra resolverem se mandavam pra feira de artes e ciencias.

 

a gente teve antes que mandar o texto pra polícia federal, como qualquer espetáculo profissional, tinha que mandar o texto pra polícia federal, eles avaliam o texto, fizeram cortes de coisas pra não falar, teve que se adequar aos cortes, depois de já ensaiado, cortar pedaços, fazer remendos em poesia, pra apresentar pra 2 policiais quem vem assistir com o texto na mão, com os cortes anotados, pra ver se a gente tá respeitando esses cortes…

 

aí, apresentamos e recebemos  o certificado da polícia federal autorizando a apresentação do espetáculos com cortes…

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eramos 2 adolecentes pra apresentar pra escola e passavamos por esse crivo prévio no texto e o crivo presencial dos censores.

 

e aí, como a gente era menor, a gente resolveu, os 2, apresentar na final, pra concorrer,sem cortes.

se a polícia for e observar que tá sem cortes, a gente podeser presos.

mas como a gente era menor, não deve ficar muito tempo preso.

e não tinha vinculo com nada que pudesse…

não tinha..

a gente nem conhecia ninguém pra dizer que..

não tinha militancia organizada em taguatinga

 

0900

e em 77 essa militancia organizada já tinha sido toda reprmida, tava todo mundo preso… ou quase todo mundo.

 

mas o fato é que nós resolvemos, avaliando que se fossemos preso não ia ficar muito tempo e ia dar mídia pra gente, e a gente poderia apresentar o espetáculo mais vezes.. esse impacto seria bom.

 

apresentamos, ganhamos o primeiro prêmio, mas a polícia não foi.

e não tivemos esse impulso de carreira que a gente esperava.

 

depois desse espetáculo, a gente continou apresentando… e no ano seguinte, ano da formatura, resolvemos remontar o espetáculo, colocamos mais poesias em 77 e continuamos apresentando lá na eit, que era um auditório… no mesmo predio onde é o teatro da praça, lá a metade ele era separada e era um auditório pequenininho, e fizemos várias apresentações pra angariar dinheiro pra nossa festa formatura, depois resolvemos apresentar fora de lá também…

colocamos cartaz na cidade inteira, fizemos mais de 500 cartazes, pra fazer uma apresentação no Clube dos 200.

e essa apresentação lotou.

 

não sei se o cartaz tinha algo de instigante… mas não tinha teatro em taguatinga.. não acontecia espetáculo teatral em taguatinga… aliás, tinha o do sesi, que era institucionalizado, já exitia, tinha passado por um periodo muito rico antes disso, com apresentações até prestigiadas dentro do sesi.

 

(cont)

 

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(cont)

…já tava muito tempo sem ter nada de teatro q tivesse cartazes… só coisa internamente…

 

e nesses 2 dias, nós ficamos muito felizes, lotou, o tanto de cadeira que a gente pos lá.. e a gente começou a se sentir apresentando em locais maiores, profissionais…

 

corta aí essa parte….(risos)

 

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numa dessa apresentações desse espetáculo, no cemab, tinha um palco muito pequeno nessa escola, centro de ensimo médio ave branca, e a gente fez uma apresentação lá…

 

e lá era legal que o teatro tinha uma entrada pra fora, e a gente podia cobrar bilheteria, tudo diferente, que na eit era um auditório dentro da escola…

 

e lá foi muito legal, se não me engano o chico me falou que assistiu lá, e depois que ele viu isso, não sei como ele ficou sabendo de outro evento que faríamos no clube dos 200, que se chamava grupo do silêncio, era um amigo que tava organizando uma reunião maluca pra gente se reunir e ficar em silêncio.

 

alguém teve a ideia maluca e outro mais maluco resolveu implementar.. e foi o Vava quem  organizar e divulgar isso aí, uma reunião pra quem quisesse ficar em silêncio, as pessoas jogabam xadrez… nãosei … e o chico me perguntou algo, não sei… mas a gente se encontrou aí.

 

0200

 

frequentei também, 2 períodos diferentes, o bar do kareka, frequentei assim que inaugurou, antes de me casar e trabalhar, tinha mais tempo, tinha feito esse espetáculo… era o bar que a gente frequentava porque rolava uma música boa, era o principal elemento, a música boa, e um salgadinho, que era feito pela mãe do kareka, as irmãs… a família trabalhava…

 

e além da música e por causa dela, os artistas de cidade, nós adolescentes começando a fazer atividade artísticas passamos a frenquentar… ficavamos fazendo poesia,

 

e aí, depois de um tempo, eu entrei pra unb, em 78, e parei de frequentar.

aí, eu me dediquei muito a estudar, tive que começar a trabalhar, um ano, aliás, 2 anos, depois eu me casei, em 1980, então, tive filhos, e aí, era rabalhar cuidar de casa, militava no movimento estudantil, passei um bom tempo sem frequentar…

 

e quando eu me separei, em 83 eu me separei, voltei a frequentar o bar do kareka, e comecei a fazer teatro novamente, no grupo que o chico tinha feito.

 

pq nesse período que eu tava sem poder… sem frequentar taguatinga, sem fazer teatro, só nas outras atividades, eu vi na televisão um dia o chico anunciando um espetáculo, o marechal boi de carro, e pouco tempo antes tinha acontecido uma oficina de teatro com um grupo do rio,  e dessa oficina surgiu o grupo retalhos, que montou o marechal boi de carro.

 

0500

e eu vi o chico dando entrevista, falando muito bem, com muita desenvoltura e eu tava lá meio… meio estrangeiro na unb, no plano piloto, me sentido meio exilado da minha cidade… e lembro disso, poxa, os caras tão lá fazendo teatro… tava…

uma coisa que eu queria muito tá junto.

 

e quanto me separei, eu procurei o chico e taguatinga tava pegando fogo. em 83.

pegando fogo de cultura.

pq tinha acontecido em 82 a primeira feira de artes e cultura de taguatinga, acho que foi em setembro de 82,

e a partir da faculta, muita gente da cultura se reuniu e tava conversando…, eu chego aqui no inicio de 83, as pessoas tavam discutindo e trabalhando na organização da primeira semana de arte.

que da faculta surgiu a ideia de criar a primeira semana, que a faculta foi um dia só, de atividades de rock, durante o dia, na rua.

a semana de arte seria inteira de atividades no teatro da praça e apresentaria… e reuniu todo mundo.

essa primeira semana de artes  de 83 deu tempo das pessoas de juntarem todo mundo, e eu fui procurar fazer um espetáculo, o mesmo espetáculo, eu procurei a lia, ensaiamos de novo e nos apresentamos, eu não tenho certeza se foi nessa ou na de 84, mas eu queria estar dentro de tudo.

a gente queria assistir todos os espetáculos, era incrível…

a semana de arte e cultura de taguatinga começava numa sexta-feira… sexta sábado e domingo, ia a semana inteira, e a outra sexta sábado e domingo.

 

dava uma semana de 10 dias de arte e cultura pq todo mundo queria entrar na programação.

 

e eu me lembro que não eram só apresentações, tinha exposições, no último dia da semana sempre eram na rua, bandas de rock, durante a semana acontecia espetaculos de música mais mpb, espetáculos de teatros, de dança, os filmes, e a gente viu cinema feito pelos diretores de taguatinga…

eu me lembro que assisti na semana de arte e cultura, um curta metragem “beco fechado” do joaquem saraiva… que era um peça escrita por ele mesmo, e que foi transformada em filme, não digido por ele, a peça foi, mas o filme foi por um diretor de cinema, era um autor de taguainga, um elenco de taguatinga, o filme feito aqui…

 

tudo isso, mexeu com a autoestima da cidade…

a partir da primeira faculta, a primeira semana de arte, juntaram muitos artistas, e o grupo retalhos que tinha feito marechal boi de carro já tinha encerrado mas tinha ficado 2 anos apresentando o espetáculo,

 

então, essas pessoas que estavam nesse espetáculos, e eram muitas, tinham criado laços de amizade e colaboração no trabalho, muito sólidos, e isso foi nos anos 80, e dura até hoje. a relação dessas pessoas que estiveram juntans no boi de carro, todas elas participando da semana de arte, da criação da associação e foi nesse período, em 83, que eu procurei o chico, e ele falou ‘não to mais no retalhos’, mas te apresento, e entrei no retalhos.

 

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o marechal boi de carro, não vi….

 

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eu assisti um outro com o chico no teatro da praça, acho que com direção do nielson menão… não me lembro o nome do espetáculo.

 

eu entrei e tava com .. num estágio da vida diferente das outras pessoas do grupo.

era 5 anos mais velho, tinha casado, separado, tinha filho, emprego e tava mais da metade do meu curso, que já era pra ter terminado … eu fiz em 9 anos o mesmo curso sem ser jubilado nenhuma vez… quando saí da unb eu tinha provavlemnte a matrícula mais antiga da unb.

 

mas quando eu entrei, as pessoas não tavam mais sabendo o que ia fazer… eu sugeri que a gente criasse um espetáculo sobre taguatinga logo que eu entrei, mas as pessoas não gostaram da ideia…

 

e nós passamos 2 meses lendo textos, fazendo leituras dramáticas,  tentando selecionar, com muita dificuldade, e depois de alguns meses alguém recolocou a ideia e a gente fez o espetáculo que foi ‘uma satélite fora de órbita’…

 

quando nós resolvemos fazer… levou 9 meses esse período de criação do espetáculo…

a gente resolveu começar fazendo visitas às favelas de taguatinga, a pretexto de levar brincadeiras, mas também pra gente fazer contato, pra gente ver a fisionomia, a forma de se expressar, pq a gente queria ter esses traços das favelas no nosso espetáculo.

 

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então a gente ia falar das feiras, ou do que a gente via na rua, dos problemas de repressão polícial que fez parte desse periodo, de todas essas questões da cidade, do que nos incomodava… fizemos várias apresentações de recreações no Areal, Boca da Mata, … não me lembro outras… o grupo já tinha circulado em outras antes de eu entrar…

e fomos colhendo sensações de como é a vida daquelas pessoas pra tratar disso no palco.

 

e fizemos muitos laboratórios, e depois de vários exercícios criando de improviso, em vŕaios laboratórios… depois disso a gente começou a escrever…po, a gente já tem 20 cenas criadas de improviso, vamos selecionar o que que fica, o que que corta e com isso a gente costura essas cenas, cosnturindo essa história pra ter um fio condutor,

 

e tem um detalhe…

o natinho era um artista que mais me impressionava como um criador de personagem e de situações pitorescas, tinha criado um personagem maravilhoso que era um camelô e esse personagem vai fazer uma cena na favela, ele sendo camelô, ele vai tá na favela na hora da derrubada de barracos… então, ele ficou sendo o fio condutor de várias cenas que se desenrolavam… contando uma história dele, mas que nessa história ia mostrando os traços da cidade.

 

e essa peça, foi dirigida de inicio pelo futuca.

estreamos com a direção do futuca, em 83.

estreamos, foi o teatro da praça lotado. foram 2 finais de semana…

a diretora não queria ceder 2 semanas, que ia ficar vazio. e frizemos quinta, sexta, sabado e domingo, … 8 apresentações de teatro lotado, pq… imagina as pessoas irem pra um teatro ver o que elas via na rua, do trapaceiro, de cartas de baralho… branca perdeu, colorida ganhou… enfim…

 

em 83, esses espetáculo teve esse sucesso aqui, localizado… mas ele tinha muitos problemas.

 

em 84 a gente pegou outro diretor, o futuca tinha se afastado, melhoramos muitas cenas, pra concorrer à seleção pro festival brasileiro de teatro, em recife.

 

aí, nesse festival, a gente foi selecionado…

os 2 espetáculos que tinham mais chance de ser selecionado era o nosso e o miqueias… o primeiro espetáculo solo do miqueias, e tava muito bom. na verdade tinha muito mais acabamento, mas era um espetáculo de uma pessoa só, e nosso, por ta falando da cidade, com muito problema técnico pra resolver, e nós fomos selecionados…

 

e lá, a gente se deu muito mal.

o espetáculo tava muito mal resolvido e chegou lá piorado.

no trajeto, não deu pra acertar coisas e fico pior

só que a gente viu, …  era muita gente, uns 15 atores… todo mundo muito novo.

 

o festival foi um pouco condescendente com a gente, e não caiu matando .

pq tinha os debates depois e as vezes as pessoas caiam matando.

mas até em função da idade das pessoas, todo mundo tava na faixa dos 18 anos, só eu que era mais velho e o diretor do espetáculo, que era um pouco mais velho do que eu, era o Ivaldo Melo.

e voltamos de lá, com essa frustração, mas vimos muita coisa…

e nós voltamos dispostos a melhorar o espetáculo e aí, o Chico Simóes pegou a direção do espetáculo e reelaboramos muito.

 

aproveitamos muita coisa que tinhamos visto e esse espetáculo ficou muito legal em 84.

e participamos de um festival de brasília, já em setembro,  o festival de recife tinha sido em julho, e em setembro nós já estavamos com novo espetáculo dirigido pelo chico, com os problemas resolvido e bem acabado. tanto é que ficamos bem no festival que aconteceu em setembro.

 

tinha uns 20 espetáculos. melhores que o nosso, só o Miquéias, e o Vidas Erradas, que foi estupendo… um espetáculo que mexeu com o teatro dessa cidade.

ficamos em 3o, acho.

 

e a gente se sentiu, finalmente .. já não tinha mais nada a ver com o espetáculo que tava escrito, e ninguém registrava nada…

 

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eu tinha militado já no movimento estudantil…

 

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e durou uns 2 anos e meio, aí, quando eu casei, fui trabalhar na caixa economica, trabalhando 8 horas por dia, aí, não dava nem pra fazer teatro nem nada nesse período, e depois qundo comecei a fazer teatro, isso também concorria muito com os meus estudos, pq eu trabalhava, estudava e fazia teatro, então eu não tava tão integrado a militancia como as outras pessoas do retalhos..

 

mas aqui em taguatinga, o pessoal do retalhos, militou na criação da associação de arte e cultrua, na campanha das diretas… já tinha militado antes, na época da criação do pt, da criação da cut…

 

esse período que começou a ter abertura política, a partir dos anos 80,

 

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as pessoas sentiram vontade de respirar…e aí, passou a ter mais coisas de rua mesmo.

 

eu me lembro que na campanha das diretas, a gente fez várias campanhas, atividades que não eram do pessoal da cultura, organizadas pelas pessoas da esquerda, e fizemos passeatas pela avenida comercial, nessas passeatas, a gente incorporava o pessoal de teatro fazendo, levando alguns personagens e tudo pra esses eventos.

 

e outra coisa que eu me lembro muito importante, é que na época das diretas, teve muita repressão ao movimento estudantil secundarista que tava se organizando nessa época

 

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e taguatinga era um foco da organização do movimento secundarista em 84 e eles marcaram um comício pra entrada da cidade, e a polícia chegou e desceu o cacete e impediu a realização desse comício, que era mais de estudantes.

 

tanto é que, dessas pessoas do retalhos, o nilsonho, que era do retalhos e foi presidente da associação de artes.

o primeiro presidente foi o ruiter. na sucessão, ele mesmo viu a dinâmica que o nilsinho tinha pro trabalho de articular as atividades e tudo, ele apoio o nilsonho e foi o segundo presidente.

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o terceiro, foi o leovane, também é do retalhos… quer dizer, não lembro se foi o terceiro ou quarto, mas nesse início, já tinha 2 membros do retalhos que foram presidente da associação.

 

então, a nossa militancia era nisso.

 

e também, a gente criou… rearticulou a federação de teatro amador do df.

inclusive nesse nosso espetáculo em 76, um cara da comissão julgadora era presidente da fetafif, mas ela tinha se desarticulado…

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aí, no inicio de 84 nós resolvemos rearticular a federação de teatro amador, convidamos os grupos, apareceram mais grupos das cidades satélites, e a gente não achava os documentos da federação anterior, os presidentes não tinha documentos e a gente fez uma assembleia como se tivesse sendo inventado naquele ano em 84, embora soubesse da existÊncia anterior.

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isso em 84, antes do festival, e isso que nos levou a participar do festival em recife.

 

o chico foi presidente da fetadif, com um mandato de um ano que tinha, e eu fui o segundo presidente. de 85 a 86.

 

dessas pessoas do período que eu participei, tinha sido muito importante e é muito importante pra cultura popular brasileira, o mamulengo carroça, a Shirley tinha sido do reatalhos…mas não é do meu período, ela já tava viajando com o carroça.

 

o miqueias tava aqui, já tinha saído do retalhos, e tava fazendo o espetáculo solo em 83 e tem essa carreira de destaque, com um trabalho ininterrupto desses anos 80 até hoje.

 

o nilsinho depois de ter presidido a associação de arte, continuou a ser um militante muito articulador do movimento das cidades satélites

 

nesse período teve o primeiro governo não militar, embora nomeado governardor bionico, que foi o zé aparecido. e nesse período, de 84, ele queria se diferenciar embora ele tivesse sido indicado…

ele colocou na secretaria de governo dele, até algumas pessoas de perfil de ter combatido a ditadura, e um deles foi o secretário de cultulra, o pompeu de souza.

e o diretor da fundação cultural, era o luis humberto, que era fotoǵrafo, professor da unb, pessoas com um perfil de ir pras cidades, conversar com o pessoal da cultura…

 

nessa área de cultura, o pŕoprio pompeu de souza passou a ir a todas as cidades fazer uma tarde de debate com a comunidade cultural, levando junto diretor da fundação cultural o luis humberto,

 

então a gente se preparou pra isso, o que perguntariamos pra ele, que criticas que nós iriamos colocar nesse debate.

e esse debate aconteceu no teatro da praça, e o governo sabia que nós éramos em grande maioria petistas, entao ele sabia que ia enfrentar nesse debate em taguatinga, esse confronto mesmo eles tendo essa postura de abertura.

 

e só podia ser de confronto, porque o órgão de controle, só enxergava o plano piloto, não tomava conhecimento das atividades culturais fora do plano piloto.

 

aí, fazendo esse confronto, o luis humberto a certa altura, falou peraí com esse discurso que eu não trabalho sob pressão… fez essa frase, não vou trabalhar sob pressão.

 

e o pompeu de souza, que na época já tava visando a campanha de senador, nas eleições de 86, e terminou se sagrando senador, embora o lauro campos que fosse o candidato senador do pt, tivesse mais votos do que o pompeu, mas o pompeu, com menos votos… pq o coeficiente… acho que não atingiu…

 

mas pompeu em 84 já vislumbrava esse as eleições de 2 anos depois, então o discurso dele era diferente do luis humberto.. ficou até uma coisa constrangedora, em seguida o pompeu falou > embora o diretor tenha dito isso, eu queria dizer que eu penso diferente, eu queria dizer que vocês estão certos em pressionar, e política tem que ser assim, a comunidade pressionando pra cumprir esses objetivos…

 

quase tudo que eu a gente vai se lembrar tá situado em torno do teatro da praça, pq era um eixo… sempre teve o do sesi, mas tava sempre fechado pra comunidade…e esse era o teatro aberto pra cidade.

a gente conseguiu depois de fazer a primeira semana de arte e cultura no teatro ocupando 10 dias o teatro, a gente criou um problema pra diretora da escola que não queria que tivesse artístitas de fora da escola ocupando aquele teatro…

 

(cont)

 

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(cortou…)

.. pra que o teatro não fosse administrado pela escola,  que tivesse um portão independente, pra fora, pra que fosse um teatro da comunidade, o que acabou vingando, e sendo o que é até hoje, e a escola fica ressentida por ter perdido o teatro pra cidade.

 

pras diretoras da escola, naquela época, continuaria um teatro pra escola e continuaria tendo a cidade sem teatro.

até porque o povo de teatro era considerado perigoso.

 

o grupo retalhos, que surgiu dentro da eit, quando o teatro era fechado dentro da eit, numa oficina promovida pela secretaria de educação dentro da eit.

 

esse grupo, as pessoas terminam o segundo grau, ou abandonam os estudos e continuam querendo fazer teatro e continuam peças importantes pro grupo e a escola cria difiuldades: essa pessoa não pode entrar pq não é aluno…

 

com tanto confronto com a direção da escola, esse grupo, ainda em 83, foi expulso da eit.

o retalhos e o miqueias… todos fomos expulsos da eit e o retalhos, foi ensaiar no auitório do sindicato dos bancários, … no prédio do cine paranoá.

 

0200

 

mamulengo presepada, muito, né?

 

e o carroça de mamulengo, eu vi algumas vezes também.

no sesi mesmo,. no encontro que o chico fez de cultura popular, eu vi o carroça já muito estruturado, tempos depois, nesse evento no sesi.

 

o mamulengo presepada surgiu e já tava viajando.

o chico começou no mamulengo com carlinhos babau e lodo depois que eu entrei no retalhos, o chico fez uma viagem que demorou um bom tempo, com um espetáculo pelo nordeste..

mas toda vez que vinha, ele tava sempre se apresentando nas atividades coletivas, nos movimentos, nas semanas de arte… então, o presepada eu vi desde o inicio e vejo até hoje.

 

0400

 

teve um corte grande aí.

o ruiter foi o primeiro presidente da associação de artes, era o principal articulador desse periodo, de 84.

a faculta tinha sido criada antes, eu não acompanhei, mas os principais fundadores foram o fernandes e outros companheiros dele, e depois de um tempo que o ruiter se incorporou a esse grupo de discussão da cultura da cidade e se tornou o primeiro presidente.

 

mas uma coisa interessante falar, do fernandes.

que o cara que idealizou e articulou a criação da faculta, ele depois inventou aquela coisa maluca e linda da cidade que foi a criação do teatro rola pedra.

o cara criou um teatro de bolso, nesse periodo 84, ele alugou uma loja e fez uma arquibancada com bastante inclinação, tipo teatro de arena e levou muitos espetáculos ali, no teatro rola pedra, que ficava na entrada da cidade, fvirada lá pra onde é vicente pires.

e ali se apresentaram plinio marcos, nós da retalhos apresentamos lá com satelite fora de orbita, as bandas de rock quando a gente fazia faculta nessa época, a faculta era em frente ao teatro rola pedra, depois elas muitas dessas bandas se apresentavam no teatro

 

e é uma coisa maluca, o cara tirar dinheiro do bolso dele sem nenhum apoio publico naquele periodo e sustentando aquele teatro pra que houvesse apresentações ali, fora..

pra naõ ter que outras pessoas irem discutir com a diretora da eit,

 

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(abder- eu sou filho da geração pos eit… a cidade mudou muito depois dos 90… se puder fazer uma transição…)

 

eu acho que desse período dos anos 80, aconteceu um episódio muito interessante que nessa gesão do pompeu de souza na scretatia de educação, o pessoal passou a querer articular o pessoal de cidades satélites pra não ficar com a mesma política de ficar só no plano piloto.

 

a fundação cultural bancava inclusiva representantes das satélites lá na fundação pra discutirem as questões das satelites e suas necessidades com um dos assessores da fundação cultura.

 

e aí, tinham várias reinvindicaçãoes… uma delas é que a gente precisa ter acesso ao órgão de cultura do governo na nossa cidade também.

tem que ter um preposto, alguma coisa assim.

e isso foi criado uns 2 ou 3 anos depois, quando o secretário era marcio contrim.

a cultura já era secretaria…

mas saiu, alguns anos depois…

 

outra coisa que surgiram desse movimento das satélites, e dos movimentos como a federação de teatro amador, a sessão de teatro de bonecos, que foi dirigida pelo chico simões, depois pelo miltinho, que foi do retalhos, também…

 

desse período de discussão, desses movimentos de satelites.. de teatro amador e de bonecos, que eram 2 entidades tinham mais gente das satelites que do plano, surgiu outras reinvindicações por exemplo que os orgãos de cultura tem que destinar apoioa pras produções culturais da cidade de uma forma democratica, que todo mundo tomasse conhecimento. e não ficar…

 

de que adianta a gente levar um projeto pra ser avaliado pelo assessor de teatro e avaliar se vai ou não recebera poio, se o assessor era do plano, se nós não tínhamos acesso a jornais, não tinhamos curriculos, então o assessor conhecia o pessoal das escolas onde ele estudou, ou das festas onde dele ia…

 

e nós falamos não tá correto, do assessor tá resolvendo isso, pq ele não vai tomar conhecimento da gente.

então, tem que ter um processo de edital e deixe claro as regras pra que todos possam concorrer ao mesmo tempo, e não ó rgão ficar dando apoio pra um ou outro conhecido da sua área.

 

e outra coisa que a gente reivindicava é que o julgamento dos editais tem que ter os representantes das entidades daquela área.

e isso começou a acontecer a partir da de 86, o inacem, o instituto nacional de artes cências, ele ainda, 86, fins de ditadura, antes das eleições diretas, tinha havido as eleições, não era militar, mas tava no periodo de transição.

 

o inacem, tinha uma política de fortalecer movimentos.

eles inclusive tinham apoiado festivais da confenata, como de 84 que nós fomos, então esse órgão passou a destinar recursos pra que os governos estaduais apoiassem as artes cênicas, mas eles exigiam que tinha que ter participação de representantes de teatro amador, do sindicato, que no caso era o sindicato de técnicos, associação de artes cenicas, …participaram também.

 

então os primeiros editais que aconteceram foram nas artes cênicas por conta da iniciativa do inst nacional de artes cênicas e da pressão dos movimentos das satélites que tinha pra democratizar esse acesso a recurso.

 

então, nesse periodo, nós de taguatinga já estávamos participando desse movimento cultural mais… do distrito federal e até nacional, e aí, nós brigamos muito pra que tivesse representante nas comissões, e passaram a ter, nessa área de artes cênicas, foi a única que tinha editais nesse periodo,

 

mas brigavamos pra que o conselho cultural também tivesse representantes da comunidade.

 

e em 87, assim que foi criado a secretaria de cultura, a primeira secretária, que foi a vera pinheiro, ela aceitou que o movimento cultural indicasse nomes pro conselho da fundação cultural, e nós do movimento das cidades satélites nos articulamos bem e fizemos o nome mais votado por um voto de diferença.. que ficou o plano em segundo lugar..

 

e nessa eleição era gente emplacar 3 nomes, o acordo com a vera pinheiro com o movimento foi que fizesse o processo eleitoral, e que do conselho de 7 membros, 1 era o próprio secretário. então, dos outros 6, metade seria de representantes da comunidade.

 

então, nós entregamos esses nomes, e ela não nomeou, nomeou só o mais votado…quando viu que o resultado não era o que ela esperava, nomeou só o mais votado, que no caso.. um representante de cidades satélites, que fui eu.

 

representante de comunidade no conselho da fundação cultural

isso acabou criando um racha no movimento cultural, que grande parte, quase a metade, defendia que não se aceitasse a nomeação de um só. então era pra ficar fora.

mas nós  fizemos uma reunião do movimento de satélites, mais uma vez, e resolvemos que iríamos defender a participação… fomos pra uma plenária… e ganhamos… mas aquilo rachou…

as pessoas que tinham mais influência em jornais era do plano piloto, e elas em grande parte eram contra a aceitação, e o movimento ficou esfacelado a partir daí.

 

 

 

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e especificamente aqui em taguatinga, pra fazer a ligação, teve um periodo, que eu me desloquei mais pra movimento do df, de todas as cidades e tudo,

nesse periodo eu fiquei muito deslocado da militancia aqui de taguatinga, saí do grupo retalhos,

só voltei a ser mais militante em taguatinga em 2000 quando a gente criou a tribo das artes.

aí, várias pessoas que tavam desarticuladas passara a se articular pra fazer conjuntamente eventos..

a associação de artes não a muitos anos… lá pelo final dos anos 80 ela foi se enfraquecendo e parou de fazer eleições… nos anos 90 eu acho que não teve mais eleições.

 

mas em setembro de 2000, nós unimos vários grupos de taguatinga, com o proposito de realizar uma vez por mes um evento cultural, esses eventos que deu origem à tribo das artes.

 

aí, participou dessa sequencia de eventos, o ruiter, que tá até hoje na tribo das artes, os grupos, o mambembrincantes, que tava morando em taguatinga, o cia articum, o celeiro das antas, a oficina pedagógica alternativa, do ruiter e mestre zezito, que trabalhavam juntos…

 

então, esse grupo, oficina pedagogica alternativa, o celeiro das antas, com o ze regino que tinha vindo do retalhos, o geraldo e pessoal do cia articum, o botequim blues, esses saraus aconteceram no botequim blues, q era o o botequeim, esses saraus aconteceram no botequem blues, que era o unico boteco frequentado pelo pessoal da cultura depois que passou o tempo do kareka, uma epoca o kareka fechou…  passamos muitos anos sem um bar de referencia dos artistas e o botequim blues passou a ser essa referencia nossa

 

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e em setembro de 2000, esse grupo cria essa referência de eventos, era pra ser um movimento… a ideia era que fosse um movimento cultural em taguatinga mas com o tempo alguns grupos foram se afastando e ficaram pessoas de diversos grupos, e deram o nome… e deram o nome.. que tinha o nome de sarau no quintal, não tinha o nome tribo das artes nos primeiros 4 eventos,

 

e um dia, na bilheteria, a gente publicou as primeiras revistas e a primeira revista já teve o nome de tribo da artes e depois disso, a partir de 2001, o sarau também passava a ter o nome de tribo das artes.

 

e a tribo das artes, acontece naquele período de 2005, depois de muito tempo que já tinha a tribo das artes, chega pra gente a partir do sindicato dos professores, a denúncia de que a eit tava sendo esvaziada, queriam tirar os alunos pra toda aquela área ser privatizada, fazer alguma coisa.. a industria do setor imobiliaria tá sedenta por um espaço enorme, ao lado do metro, e a tribo, junto com o sindicato dos professores, começou uma campanha de coleta de assinaturas de defesa da eit, com esse nome, viva eit, defendendo o tombamento da eit…

 

e depois saiu esse tombamento, em 2007, saiu esse tombamento provisório, ainda no governo arruda, o 1o ano de governo arruda, saiu o tombamento provisório da eit com o teatro da praça,

 

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o teatro da praça, pra nossa geração, que fez ali a semana de arte, é um pólo aglutinador da cultura da cidade, assim como é o mercado sul hoje…

 

só que lá aconteceu coisas mais intensas num períoro curto, e aqui já é o ano inteiro, mais diversificada…

então, a gente conseguiu tombar um espaço que tem um significado muito forte pro imaginário dessa geração que viu tanto espetáculo ali, muita gente começou a beijar na boca, nos filmes que viu ali, tanto namoro começou ali, espetaculos bonitos..

 

então é uma vitoria pra gente, que acontece no período que o mercado sul já tinha agitação e as pessoas que estavam aqui deram essa força,  conseguiram articular com os estudantes, e a gente teve até em alguns momentos apoio dos estudantes e a gente conseguiu salvar esse espaço de ser privatizado…

 

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esse bar que tem bem nessa esquina do mercado sul, durante um tempo ele foi do meu padrasto, e quando eu tinha 10, 11 anos, eu trabalhava nesse bar.

eu vinha abrir o bar, sozinho, pegava a chave, vinha, passava na padaria, pegava uma caixa de pão, punha na cabeça botava lá e abria o bar. chegava a cozinheira, começava a arrumar as coisas da cozinha e eu ficava atendendo os cafezinhos, pão de queijo…

isso em 67

 

aí, o mercado sul era ainda um mercado nos moldes tradicionais, tinha açougue, frutas… essas coisas que tem no mercado municipal normalmente, cereais, bares…

 

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então, eu me lembro do mercado sul como essa coisa que tava aqui na minha cara durante alguns meses que eu fiquei trabalhando lá, meu padrasto vendeu o bar depois…

 

nunca teve nada especial aqui, até que o ivaldo cavalcante  publicasse o livro dele que mostra uma década de cultura de taguatinga, fotografada por ele, e no livro dele, ele fala de uma forma muito lindo do laboratório fotográfico que ele tinha no mercado sul,… ele vinha e passava muitas horas no laboratório…

e o ivaldo foi um dos primeiros a ocupar com atividade cultural o mercado sul.

 

depois disso, o que eu soube foi do presepada mudando pra cá, e eles falando que já tinha outros grupos culturais, atividades culturais ocupando o mercado sul, o pessoal que era luthier… e o chico tava vindo e passou a atrair mais atenção dos artistas da cidade e outras pessoas começou a se fixar por aqui,…

 

e virou uma coisa que vai surgindo espontaneamente, e de repente um determinado espaço passa a ter um significado tão importante pra cultura da cidade hoje, justamente porque tava abandonado, justamente por que tava desvalorizado, e aí, as pessoas vem e ressiginificam o espaço, dão cor, e passam a vir crianças, atividades, oficinas e coisas que vão puxando os sonhos das pessoas, então, é muito bonito que tá acontecendo isso hoje, e tenham feito a ocupação aqui no ano passado, que ta resistindo até hoje.

 

hoje, essas gerações estão juntas, né?

o abder tava falando.. ele passou a se integrar as atividades culturais, pouco tempo depois já teve contato com o movimento viva eit,

e nós temos essas gerações nova em contato com  a nossa geração 30 anos mais velha, 40 anos mais velhas… e o ponto de encontro dessas gerações é no mercado sul.

 

engraçado que nós, eu, chico, nós praticamente não temos contato com essa geração anterior a nossa.

o ruiter é o único dessas gerações anteriores que tá em contato com a gente, mesmo assim, a diferença de idade nossa pro ruiter é muito pequena, não é exatamente uma geração.

 

uma coisa muito legal que aconteceu.. de 82 pra cá… da faculta, que criou essa liga que aproximou os artistas da cidade, as pessoas continuam em contato.

 

os de antes de 82, a gente tem pouco contato, eu pelo menos, conheço muito pouco.

 

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eu queria voltar pra taguatinga, comprei quano chegou aguas claras, eu comprei pela cooperativa do sindicato, uma cota pra um dia ter casa própria em aguas claras, porque ainda era taguatinga…

mesmo sem ter desmembrado, como RA.

o fato é quem teve poder aquisitivo pra ir pra lá foi um pouco de gente de taguatinga que tava com essa ideologia da ascensão, pra ir pra lá, e um pouco dos filhos dos moradores plano piloto que tinha um dinheiro pra investir e comprou o apartamento pro filho em aguas claras e esses filhos que vieram…

 

não tem nada do que a gente fazia…

inclusive, não tem uma vida de cidade como teve aqui.

por exemplo, lá não tem escolas… nem sei… lá só tem escolas particulares, não tem escola como tinha aqui, grandes escolas públicas, então, só um dia quando essa geração de escolas particulares…. nem sei se tem…]

 

mas as pessoas se conhecem e começam a inventar coisas diferente que é obrigação, nas escolas…

 

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facita é feira de arte e industria de taguatinga, uma feira organizada pela associação industrial de taguatinga, ascit

 

então, é uma feira promovida pelos empresários da cidade e aí, eles traziam artistas de fora.

quer dizer, a arte que tinha na facita, que eu me lembro, eram artistas trazidos de fora, pra levar público, pagava pra entrar, cercado tudo lá, uma area no centro, depois a facita, a ascit mudou pra taguatinga norte, m

 

mas a gente pagava pra ver show, entrava, comia os pastéis, que nem na festa dos estados, e ficava esperando pra ver o show, me lembro que eu vi gonzagão… ronald golias…

 

não me lembro se tinha artista da cidade.

eu era criança, não eram envolvido com atividades culturais, não tinha uma turma da cultura ainda, era criança.

 

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o cit, clube de comercio e industria de taguatinga… não sei.

 

foi o clube que minha mãe fez o título, então foi o clube que eu frenquentei nos sábados e domingos quando era criança e tem muita história legal,

 

foi a primeira vez que entramos numa piscina… meio metro de fundura… a primeira piscina… depois fizeram uma com metro e meio…

 

era do lado de casa, passava o dia todo…

voltava pra almoçar…

nas férias abria todos os dias….

um clube de lazer.

 

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o clube dos 200, era um clube de lazer, mas ele era mais um clube de festas de formaturas, de bailes, a minha formatura de ginásio foi no clube dos 200. eu tinha 15 anos, era alfaiate, fiz um blazer,… quer dizer, paguei pra fazer…

eu comecei a trabalhar em alfaiataria aos 9 anos, dos 9 aos 19, não comecei como alfaiate, comecei comrpando aviamentos, mas dos 12 aos 19 fazia calça, só parei quando entrei na unb.

 

e nesse periodo, o clube dos 200 eram as maiores festas de formatura, bailes de casamento, baides de debutante  acotnecia mais no cit… no clube dos 200.

 

e o primeiravera, era outro clube igual ao cit, mas gozado que tinha uma turma do primavera e uma turma do cit.

acho que o titulo do primavera era mais barato… eleição era que nem de prefeitura… agitação.

 

o primavera era maior, muito mais sócios, piscina maior…

eu fui poucas vezes, como convidado.