Entrevista – Thiago Francisco – Invenção Brasileira 30 anos

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sou thiago francisco, sou bonequeiro, nasci em ceilandia, cresci em ceilandia também…

acho que fui me aproximar mais do invenção brasileira acho que no ano 2005, 2006. e em 2007 que eu realemnte me senti mais dentro mesmo,

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que foi quando nós começamos a montagem do Candango do Barro Branco.

 

Um ano antes, a gente escreveu, eu já acompanhei esse processo de escrever, com a Luciana.

aí, depois, quando foi executar, já tinha uma outra galera, já tinha mudado um pouco do que tinha imaginado.

e também foi o primeiro processo que eu brinquei o mamulengo…

antes eu tinha feito algumas coisas com palhaço, junto com o Sinho, Chiquinho, Wagner, Tais, e no Candangos, foi quando eu tava terminando de fazer os bonecos, foi aí que marca o quando eu comecei a brincar.

 

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conheci o Walter no setor o em ceilandia.

eu jogava bola numa quadra próximo de um terminal de van, onde o walter era cobrador, de vez em quando eu pegava uma carona, de vez em quando ele ia jogar bola.

 

eu vim encontrar ele anos depois, eu dava aula no sesi dando aula no eja e ele dava aula de teatro.

antes disso, a gente tinha se reencontrado em olhso dagua. eu ia muito em olhos daqua, lembro que tinha tido uma confusão no forro, e o pessoal> aí, rapaz, cuidado que hoje pode ter briga q tem uns mala no forró, quando fui ver os malas eram o walter, o bião, o clair…

a gente se reaproximou.

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foi numa época que tava acontecendo em olhos um boi, acho que quem puxou essa história lá foi o chico… o emerval, chegou a ser ponto de cultura…

 

viveu um tempo, eu cheguei a sair no boi algumas vezes, brincando… uma vez no carnaval fui parar em goiania… do nada… o walter me ligou tá faltando alguém vamo sair com o boi… aonde?.. em goiania… não dá…

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foi aí com o walter que eu conheci mais o invençaõ brasileira,

depois conheci a luciana, que depois moramo junto um tempo no mercado sul

 

lembro que conheci ela numa festa, com o walter, na casinha do seu estrelo… andava no invenção, tocava nos cabuléticos, um grupo de percussão, o carangueijo tocava a oficina…

aí um bando de gente que a gente convive que cada um consolidou seu trabalho.

 

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ah, lá no sesi a thabata chegou a ser aluna do supletivo, e aí também vinha pra esse movimento, também encontrava ela por aqui…

 

foi uma época que as coisas foram se ligando aqui.

várias pessoas… o invenção foi uma porta.

várias pessoas que a gente conheceu naquela época, a gente ainda trabalha junto..

 

e pra mim, foi um espaço de me reinventar, pq eu tava num fluxo como professor, gostava de fazer isso,

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mas não me via fazendo isso a vida inteira.

 

sempre gostei, tive uma curiosidade, principamente com relação as cultura populares… mas conhecia muito pouco.

mais de ler, de passar em alguma cidade que tava rolando alguma coisa.

 

mas dentro da geografia, quando fui fazer o trabalha de conclusão de curso, a gente  perdido sem saber o que falar, eu já fui falar de uma área dentro da geografia cultura, que era de como vc compreender o espaço de onde voce vive a partir da cultura.

 

a gente ve muito falar da geopolitica, geo economica,.. compreender oespaço a partir da economia.

eu fui pra esse espaço pra compreender a partir das relações culturais.

 

aí, quando cheguei aqui no mercado sul, foi tudo encaixando e fazendo sentido.

cara, aqui nesse lugar, tanta coisa acontecendo, cultura d tudo que é lugar,

 

o mamulengo, que é um brinquedo trafdicional junto com a galera dos conhecimentos livres, soft livre, e tudo dialogando pq o conhecimento que a gente recebe, que eu recebi do mamulengo, a gente pega e repassa, não tem dono…

 

esses conceitos novoes e a possibilidade de vivenciar.

foi onde que vi que eu tinha a possibilidade de fazer… naõ só de vivenciar.

 

a experiencia de teatro que eu tinha era nada.

acho que eu fui ver teatro…. uma peça… a primeira vez, acho que vi alguém brincando mamulengo em olhos dágua, não sei se era o chico.

e na escola, acho que eu tinha uns 15 anos que eu fui assistir a primeira peça de teatro…uns 13, 15 anos.

 

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então era uma coisa muito distante do meu univeros.

achava legal, bacana , mas eu tinha que trabalhar, estudar, era uma coisa que via muito distante.

 

pensava que não era possível.

e aqui no invenção eu via pessoas que viviam daquilo e vi como uma possibilidade real.

então eu comecei a brincar por acaso, e até hoje to brincando por acaso.

 

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depois, aqui no mercado sul.

na época da montagem do candango… a gente pesqusou mais da história, tivemos uma roda de conversa, lembro que o vladimir carvalho teve aqui, a gente falava dessa coisa da … contrução de espaços que já não são mais fisicos, de outras relações,

ficavamos imaginando o que que unia tanta gente diferente aqui…

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e fomos ver a história de tanta coisa que já tinha acontecido e ja’tinha passado aqui no mercado sul,

isso foi me instigando pra tentar compreender essas relações e ver como isso tudo dialoga num espaço pequeno,

essa coisa de tar no lugar pequeno, as lojas são todas pequenas..

um quadradinho no meio de brasília, que é um quadradinho no meio do brasil e

aqui, tá conectado do mundo inteiro, com um monte de gente, tentando compreender  a nossa pŕopria história.

 

a gente falava muito do espaço e identidade.

e essa coisa de identidade, pra quem é daqui do Df,

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tem muito essa busca por raízes.

e engraçado, que no mamulengo, também eu me identificava com muitas coisas…

apesar de não ser de família do nordeste…

talvez por ceilandia ser muito nordestina, mas era uma coisa que eu me identificava

 

vendo jovens dialogando com esse saberes tradicionais, acho que foi, sei lá, um lugar de ponto de encontro mesmo, de gente, de ideias, de coisas acontecendo e eu fui mais um que caí, e to até hoje, andando.

 

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na época o candango, surgiu dessa ideia, de busca por identidade e contar histórias.

pegar figuras do cotidiano e contar a história de brasília a partir do mercado sul.

 

a gente viu várias histórias de lojas que foram construidas com azulejos da construição…

 

a construção de brasília, a partir do mercado sul.

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era uma ideia de revisitar nossas histórias.

 

foi interessante.

a gente discutiu issso, formatou um projeto, que chegou num momento que teve só eu e o abder… um tinha viajado, outro tava não sei onde…

 

e o fernando, ele tava começando o registro, começando a se envolver nisso…

fomos pro rio, também fui aprendendo a filmar, junto com diguilin

 

e era isso, a gente se encontrava, uma loja, onde era a sede do inveção…

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nós escrevemos o projeto nesse espaço, até o projeto ser aprovado, eu morava numa loja alugada, pequenininha, eu morando em cima.

e a gente se encontrava assim, sem saber o qeu fazer, depois chamamos o edy, a lu albertini, foi cheagndo gente, a luciana voltou , a thabata também, foi uma construição bem experimental mesmo.

a gente saiu recortando coisa e mais do que o resultado, foi a possiblidade da gente se reunir e ter todos esses encontros pra discutir todas aquelas coisas e o espetáculo ficou grande.

era uma galera, eu o abder, luciana, thabata, a lu albertini, o edy, o germano, a sara, minha filha, devia ter uns 7 anos… na música era uma galera, o carlinho damião, saulo, sinho, chiquinho… umas 15 pessoas, se não me engano..

a gente ainda teve oportunidade de viajar com ele, pro ceará, pra mim foi um marco.

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até tava tentando lembrar quando eu comecei a brincar, e mexendo na coisa do candango, ah, foi aí que eu comecei a brincar.

o walter também, ele também ajudou a fazer o roteiro do mamulengo, quem me ajudou na construção dos bonecos ali, ele e o chico. e foi a base do que eu venho fazendo até hoje.

 

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eu lembro do chico comentar alguma coisa sobre isso, e o grupo retalhos, a gente sabia também que tinha existido pq eram as nossas referencias…

miqueias, o chico, o próprio miltinho, eram os trabalhos que a gente tinha como referencia.

o paraibola…

mas eu não tinha noção de como era próximo nem de que a gente iria tá todo mundo convivendo e vivendo num mesmo ciclo de trabalho e de amizade.

 

a gente nunca imaginou,. foi fazendo, fazendo… e hoje,

 

o abder, fernando…

lembro do farid chegando…

aqueles malucos chegando pra falar sobre software livre, lembro de ir prum encontro em tocantidos com a galera e a galera fazia um som e já transmitia ao vivo e todo muito discutindo tudo junto nas rodas… rapáiz isso é muito doid.

 

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era tudo muito novo.

 

a gente não tinha noção do que a gente tava fazendo…

 

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eu cheguei… o grupo imaginário chegou a montar vários espetáculos… alguns assistindo.,

a lu me chamou pra fazer um mateus, mas eu já tava apresentando…

 

lembro que chegou a movimentar muita gente, tinha os ensaios aqui..

 

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massa que toda galera que se encontrou naquela época continua vivendo disso.

a  grande onda foi essa, foi um momento que se jogou e vingou.

 

várias com trabalho consolidado q começaram naquela época.

 

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eu já até pensei em fazer, mas nunca pensei…

já tinha uma outra rotina… sempre achei dificil essa coisa de entrar numa universidade e também não sei se por conta de tudo ser novo, e ter muito conhecimento aqui,…

chegava alguém e… lembro que eu tava em casa, fazendo os bonecos … assistindo em casa o filme de canudos…bate na porta um senhor, barbudo, um cara se apresenta, procurando o chico simões, rapaz, tá fechada, e ele tava viajando, mas entra aí, depois eu te coloco em contato com ele. pode ficar aí, dormir aí. já era tarde.

 

aí, to conversando com ele, ele falou:> esse filmede canudos… tenho um livro que fala de canudos.

 

aí, fui mostrar pra ele os bonecos, era Babi. bem no momento em que eu tava pensando em sair pra procurar os mestres, um mestre bate na minha porta, e a gente ja’fica brincando junto, eu já fazia o palhaço,

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eu lembro que a gente fez uns trabalhos, fomos pra goiania, fernando registrando…

tudo acontecendo muito rápido, e essa coisa do conhecimento, eu não sentia nem vontade de buscar…

 

eu lembro a luciana quando morava junto, ela ficava indignada, po, voce tem que ir atrás, buscar…e eu não entendia muito, hoje é que eu to comçando essa busca…

 

foi um processo muito de fazer fazer fazer…. agora que eu tó começando a pensar ou entender o que to fazendo…

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não tive muito tempo de pensar, quando vi, já tava fazendo já.

acho que se fosse de outra forma, não tinha feito.

 

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quando eu comecei a brincar o Cançao, as referencias que eu tinha eram essas, o Mateus que o Chico fazia, as mágicas, foram o Zé Carlos, o filho de mestre zezito que me passou  e já dentro desse movimeno da galera que eu conheci aqui mesmo.

 

foi bem por acaso.

 

na época, eu já morava com a Lu, foi na epoca da montagem do Nascimento, contava a história de como o mamulengo surgiu… a Luciana, a Nara, eu vim assistir alguns ensaiois…

mas eu ainda não me imaginava fazendo.

aí, o Joaley ganhou boneco ventriloco e não tava fazendo.

 

eu ia viajar pro Rio, e peguei esse boneco e fiquei brincando com ele espontaneamente, e falei com joaleyu e falei  ‘deixa eu levar esse boneco, ver o q faço com ele lá’.

 

Aí no meio dessa viagem, fui pra Paraty, e lá, na rua, eu com mochilão, passou … fui tirar umas coisas de dentro da mochila, e saiu um boneco… uma senhora passou e falou> vc vai se apresentar? falei “vou!” na lata… “e que hora?” na hora que a senhora voltar, eu começo…

 

lá era uma rua tradicional onde a galera já se apresentava… e depois da brincadeira passei o chapéu e deu uns 70 reais… rapaz, vou ficar aqui.

 

aí, fiquei mais uns dias, fiquei brincando, aí surgiu outras brincadeiras pra fazer…

e quando voltei, já pensei vou montar um mamulengo.

vou fazer uns bonecos de luva…

 

eu lembro que eu cheguei no chico, falei, eu vou brincar mamulengo…

falou, sem muita empolgação… ah, legal…

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eu: eu quero fazer os bonecos…

ele: eu preciso fazer uma empanada, ele me botou você pra fazer.

comecei a fazer a empanada de bambu, quem terminou foi o joaley, que nisso ainda tava trabalhando em escola, dando aula.

 

aí, nesse processo foi bem rápido… dai, já fiquei brincando com o Canção e com o ventriloco e quando vi, já não tava mais na escola.

 

antes a experiencia que eu tinha tido, uma vez tinha entrado dentro da empanada com o walter, fui pra Unaí com o Walter, ele tava fazendo uma circulação, e eu fui pra ajudar a montar som, isso alguns anos atrás…

eu fui ajudar a montar o som, as coisas, lembro que tava o Rener, o Walter, o Haoni, o Chiquinho… e o microfone do Walter deu pau e eu fui lá pra dentro pra segurar o microfone p ele e acabei botando uma boneca.

mas até lá não me passava pela cabeça.

 

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eu lembro que a primeira vez que eu brinquei o palhaço foi com o Cinho, alguém não pôde ir… fomos pra goiania…

a gente foi pra Olhos dágua!

ficamos ensaiando um pouco assim e fomos pra Olhos, brincamos lá. Rapa, vamos pra goiania?

ninguém tinha dinheiro nem de passagem…

 

rapa, 4 cara pegando carona!

dividimo de 2 em 2, e conseguimo pegar carona pra chegar numa casa de cultura que era de um amigo em goiania, e lá a gente apresentou mais vezes… e lá foi o primeiro contato que eu tive.

 

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o Cinho começou a brincar em Juazeiro, ele é de família de reizado, reizado dos Irmãos… acho

ele tinha toda essa vivencia com reizado e participou lá em Juazeiro, de oficinas com o carroça, e aí, o Robson, Bressane,  que convivia com o Mestre Zezito, eles fundaram o Riso Ambulante… e o Sinho saiu junto com essa galera.

O Sinho era um dos alunos dessa galera e ele chega junto com essa galera.

Se aproximou do MErstre Zezito, do Zé Carlos, com que ele morou um tempo depois, ele é uma pessoa que tem muito conhyecimento com a coisa do reizado,

ele tocava bem pandeiro, tocava bem zabumba, dançava espada, e várias reprise esquetes de palhaços tradicional ele sentava e já ia fazendo, contando as cenas ‘ o mestre de cena faz isso, você faz isso”… e a gente começou a brincar com isso.

 

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o Robson eu já conheço mais dessa época do Riso Ambulante, brincando com o Mestre Zezito, brincando com o Circo da União, quanto teve o primeiro projeto do Circo da União, o Robson tava junto…

o Walter também já brincava… mas o Robson não sei.

 

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o Chico ele tava sempre presente, sempre disposto, abrindo tudo.

tanto que quando eu cheguei aqui, não sabia nada, ele já me botou pra fazer a empanada, e nesse espaço, eu já tava morando em cima, ele perguntou se eu queria tomar conta…

 

eu já tava saindo do trabalho, precisando trabalhar, vc fica aqui tomando conta do espaço arrumando os bonecos, a gente vai combinando aí…

ele sempre abriu as portas… ficava muito … a gente conversava… encontrei um pouco ele em Olhos Dagua, trocava uns papos sobre atualidades, sobre cultura, política, ele sempre disposto.

 

eu lembro uma vez que eu tava com uma camera, ele já foi me apresentando a galera…

 

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ele indicava os caminhos e deixava a gente ir…

empurrava na ladeira e sabia que a gente tava indo.

e ele acompanhava mais de longe nesse primeiro momento, pq circulava muito com esse trabalho, não ficava muito aqui.

essas conversas, eram muito provocativas, e produtivas, ele sempre incentivava muito e tudo parecia muito simples de fazer… e era mesmo.

 

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foi um local de descoberta, redescoberta, de invenção e reinvenção, né?

q a gente chegava aqui e eram vários universos novos e vc tinha a possibildade de fazer,

vc não vinha só pra assistir.

tava rolando uma roda de conversa, igual entrei em várias, sem saber… mas entrava e já ia pegando o assunto e dava opinião também e marcava de vir em outra roda.

 

lembro que numa dessas já tava sobre a conversa sobre a teia de brasília…

outra sobre o sesi…

 

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o 1o festival eu trabalhei lá arrumando as coisas, carregando cadeira pra um lado, pra outro.

saindo pra fazer compra de comida com a camila. ali, vendo espetáculos, vendo as coisas

 

era muito … agregava.

a gente se sentia muito acolhido.

 

tanto que vim morar aqui.

a gente veio morar e não entendi muito bem o que era…

a gente ia prum papo que era massa, depois um som… encontrando uma pessoa, outra..

tinha um fluxo de coisas acontecendo muito agregador e muito rico.

discutia coisas que não conseguia discutir em outros.

conversava coisas que a gente não discuta nem na escola

lembro que nem com os colegas do circulo universitário não discutia coisas tão importantes e com tanta profundidade que a gente discutia aqui.

 

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eu vi, me encantei e fiquei com isso pra mim.

eu lembro que comentei com luciana … tal que queria brincar… mas não sabia quando.

aí, quando teve uma série de coisas que parece foram me levando assim…

e por ser uma liguagem direta, me identifiquei muito por essa questão … a questão social, do mamulengo ser um grito, dar voz ao povo… essa coisa da opressão que o trabalhador sofre…

 

me identifiquei muito, e aí, quando comecei a brincar, não pensei muito.

a, vou fazer e não parei mais..

aquilo deu certo, e foi alimentando coisas em mim, nem sei…

 

eu escolhi e os bonecos me escolheram de um jeito…

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aqui, quando cheguei, tinha várias possibilidades, várias coisas que me encantavam…

inclusive a coisa do audiovisual, do software livre…

mas o mamulengo que deu certo.

 

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os bonecos.. fui ganhando.

o chico sempre falou… pega aí…

o walter me ajudou a fazer…

depois cheguei na acbb

carlos machado me deu um boizinho de presente,

era muito diferente a forma como as pessoas iam te acolhendo…

e é isso, enxergava a possibilidade de você também fazer.

não era algo impossível, se quisesse brincar, era só chegar e brincar.

 

era assim assim, e tava tudo aqui, já.

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ganhei do chico várias coisas, estrutura de mala, empanada, tava lá.

não tinha esse apego… não, taí, se quiser, é esse aqui,. pode usar, pode brincar..

e ele sempre muito disposto pra conversar, curioso pra saber da brincadeira, apresentar os materiais, conversar sobre as coisas,

usei uma mala dele, não sei, fui devolver ano passado…

ainda guardei, pensei vou reformar pra devolver…

um dia ele foi lá em casa, eu falei, to guardando pra reformar e devolver… ele não, não reforma não.

e dias depois ele tava usando…

 

e o mercado sul no geral, um lugar acolhedor…

 

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o chico, o babi e até o próprio babau já são mestres de uma geração mais nova…

já são referência.

 

e nos festivais internacionais de boneco…ou quando vinha algum outro mestre de fora a gente… foi aí que pude conhecer o zé de vina, o zé lopes, saúba…

fui me aproximando desses outros brncantes, outros mestres.

 

depois tive oportunidade de viajar, conhecer eles, como a gente agora sempre vai…

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da um jeito de ir, com trbalho ou sem trabalho, dá um jeito de ir, de conviver com os mestres, os que eu tive mais convívio mesmo acho que foi o chico e o babi.

 

depois o afonso miguel, tb … conheci e virou um amigo também.

 

e o walter, que também foi uma referência… foi quem me ajudou mais próximo no início, fez essa ponte.

 

babi, ele vinha e voltava… ele era muito inquieto.

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e eu lembro que quando fui brincar com ele dentro da empanada, chamou atenção que era uma energia muito forte,

tivara a camisa pra brincar,

os bonecos ficavam no chão, e ele tinha uma … mesmo ele já tava mais debilitado, mas na hora de brincar tinha um energia muito grande.

e a brincadeira dele tinha uma energia muito política.

era um cara muito politizado, militante, e a brincadeira era muito forte nesse sentido ambém.

e compunha músicas, cantava, era com o violão, pra cima e pra baixo,

 

quando ele vinha, passava dias com ele. chegou a ficar um tempo comigo lá em casa, morando aqui no mercado sul, quando eu morei em no por do sol, ceilandia, ele chegou a ficar comigo lá um tempo,.

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depois disso, a gente sempre conversava muito, aí ele dizia ‘to indo pra i’, ‘pode chegar’…

 

e a gente passava um mes, 2 meses, 3… ele não era muito preso a nada

ele tinha essa necessidade de tá caminhando…

 

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afonso miguel eu já fui conhecer depois, eu lembro dele vir aqui algumas vezes..

na época, ele tava montando um espetáculo que era com bonecos de vara…

o massacre…

até foi ele que fez os bonecos…

não lembro o nome do espetáculo.

 

aí, o afonso já tinha vindo aqui,

mas eu não convivi muito com ele.

conversei…

 

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a primeira vez que eu tive mais contato, eu fui com o chico e ele, era um projeto chamado ‘barca’, passeava no lago.

aí, fiquei conversando com ele, eu já tava començando a brincar, conversava com ele sobre a brincadeira, aí, bem depois que eu pude conviver…

 

num festival, a gente ficou mais próximo, ficou hospedado lá em casa… virou um amigo..

mais uma dessas pessoas que chegaram e construiu uma relação mais forte.

 

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acho que não é muito diferente, não

acho que a base da brincadeira é a mesma, teve um período que eu cheguei a brincar com mais bonecos..

o que muda, é o que muda na gente, durante o tempo vai mudando…

o mamulengo é muito cotidiano.

hoje eu sinto as coisas de um jeito, amanhã sinto de outro.

 

isso vai mundando, mas a estrutura não muda não.

 

teve experiências.. cheguei a brincar junto com a galera do rap, cara cantando e fazendo o mamulengo e com o repente…

a gente vai se aproximando de outras linguagens, vai dialogando com outras linguagens.

 

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e vai ampliando a visão, acho que é um universo muito vasto..

tem muita coisa, muita referencia.

a gente segue aqui uma linha de mamulengo que é muito mais próximo do babau, da paraíba,

e quando vai pra zona da mata, tem outros ritmos, de figuras na brincadeira…

mamulengo é um brinqueod muito rico pq traz vários outros dentro dele, e as possibilidades são infinitas…

 

mas a base dentro do brinquendo, naõ muda muito não,

a gente continua brincando.

 

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o mamulengo é muito espontaneo.

é muito verdadeiro.

então tem algumas coisas assim, que eu já compreendi que não é legal a gente repetir…

eu e o chico, já teve várias discussões sobre isso..

tipo bater no Cabo, a coisa da violência…

mas eu ainda não consigo não, na hora… eu já pensei várias vezes, ‘hoje não vou bater’…

mas na hora…

 

eu lembro que a ultima que essa reflexão veio, ficou mais clara pra mim, vez foi no Sarauva, tava  brincando, a galera tava comentando de um cara que tinha sido morto pela polícia… aí, po, o cara morreu, a polícia chegou atirando…

isso foi bem no começo.

eu nem tava pensando nisso na hora do brincadeira,

mas o sentimento que eu tinha era de revidar isso de alguma maneira.

então eu naõ conseguia, eu falava não bate não, mas o benedito, num bato o que?

 

e eu via a galera respondendo…

acho que é uma forma de mostrar que a gente também tem que dar uma resposta.

que não seja com violencia, mas que a gente não pode ficar apanhando sempre, calado.

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aprender a dar uma resposta, ter voz.

e a forma de mostrar isso mais limpo, espontânea, na brincadeira…

eu aprendi que só vou fazer diferente quando eu for diferente.

tenho muito preconceito, respondo assim também.

tenho muito preconceito com quem tem grana, eu sofria esse preconceito.

venho me limpando,  hoje, tentando compreender de outras formas, m

 

e se for pensar, é muito simbólico.

lembro a gente viajando, teve um mestre em riachuelo, mestre filipe, ele…

rapaz, ta na novela, é uma putaria da porra nessas novelas, e ninguém fala nada.

 

se eu falo uma palavra no mamulengo, nego vem bater em cima.

se tu dá uma pauladinha na escola, diz que é violência.

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vc quer violencia maior do que é o que tem na televisão e ninguém fala nada…

a gente discutindo ali que o teatro é uma … que vc tem a resposta na hora…

mas também não deixa de ser um preconceito…

de porque o mestre não pode.

e porque tem que oprimir e reprimir mais…

pq não pode responder com agressão na brincadeira…

mas temos sim que combater de alguma forma…

 

hoje dou uma pauladinha mais suave, não derrubo, danço, mas ainda dou..

 

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a gente acompanhando o processo de registro do mamulengo… e ter isso como realidade.

é uma vitória, e se sente vitorioso de acompanhar todas as lutas pra que a brincadeira forsse reconhecida…

 

a gente traz sermpre essa referencia do mestre, e é muito forte quando você vê o mestre brincando, nas condições que ele brinca, né?

 

ainda hoje, e de vc saber que o brinquendo pr chegar aqui hoje e eu ter a possiblidade de brincar, quantas pessoas já deram a vida pra manter aqui ali.

 

manter um brinquedo não é fácil, manter numa região do interior é mais dificil ainda…

 

e vc saber que tudo isso é passado sem cobrar nada, e o peso que eles carregam, o peso do brinquedo.

 

saber que essa luta política é muito importante, a gente er bonequeiro que tejam engajados nessa área, lutando em todas as áreas…

 

era uma coisa que eu ficava me questionando, eu quero mais é brincar…

fiquei até afastado.

ficar nesses embates , não é esse meu lugar.

meu lugar é ir lá e fazer uma brincadeira na comunidade, minha parte é essa.

mas a gente compreender que é uma luta muito importante e que a gente representa uma história muito grande, que a brincadeira é muito maior que a gente…

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então o registro á uma vitória, então… e brasília fazer parte disso, é muito importante.. a gente é parte disso

e tem relatos de mamulengo desde a época da contrução.

e reconhecer isso aqui no df, ter esse reonhecimento….

 

pq a gente tá se descobrindo…

tem umas discussões na actb… ah, o que a gente tá fazendo aqui é mamulengo?

é teatro de mamulengo?

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essas discussões são muito importantes

isso nem tem mais como dizer, pq vc vai e as crianças já dizem que é mamulengo…

 

agora a gente tá se reinventando e descobrindo como é nossa brincadeira aqui, como é no contexto que a gente tá aqui, como dialoga com as coisas de agora.

 

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olhos dagua pra mim ainda é são saruÊ

é um sonho..

a gente tá começando…

a gente teve a oportunidade de comprar um espaço juntos, 4 bonequeiros,

chico já desenvolveu na vila mamulengo…

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já tem uma estrutura que dá pra receber pessoas, mais um passo que a gente consegue caminhar, juntos, e com essa perpectiva, não sei se é uma visão só minha ou é de todo mundo…

a gente naõ tem nem noção do que vai ser…

a gente sonha…

em algum momento, nós sonhamos aquilo ali juntos, e depois vamos construir.

 

as vezes vai se aproximar daquele sonho, outras vezes não.

e as vezes é até melhor…

as possibilidades vão se abrindo e quando vc vê já vira uma outra coisa bem maior.

e essa coisa da gente poder tá junto,

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e se ajudando, é uma coisa que acho que o chico é muito assim com todo mundo, e a gente também…

 

eu vejo que os próprios mestres tem esse sentimento de retribuir, né?

sempre que eu vou brincar, eu penso muito em todas as pessoas que brincam, que mantém o brinquedo vivo.

como a gente pode se ajudar, o que pode fazer pra que a brincadeira seja reconhecida,..

pra que os mestres tenham mais reconhecimento…

 

o que pode fazer pra tqa mais perto dos mestres,

como a gente pode colaborar…

eu sei que os mestres são muito importantes, e os aprendizes também…

dá um gas pra quem já … ter um pessoal novo querendo fazer, dá um ânimo

 

tanto pra quem já tá na estrada como pra quem tá aprendendo, e ver alguém empolgado… tb é muito importante.

 

tá perto dos mestres é essencial pra manter a brincadeira viva.

 

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hoje por exemplo eu tenho muito pra mim, que já é uma missão que eu tenho também… que é de manter, de passar e de receber qq pessoa que queira aprender, fazer,

eu também me sinto nesse papel de repassar.

 

como vc recebe e é acolhido e recebe tudo isso numa troca espontanea, não tem valor, não tem … totalmente informal, as vezes.

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e vc se sente … eu me sinto nessa necessidade de passar.

 

quando vc eu penso tá num espaço, to pensando em organizar minha oficina,

eu quero que as pessoas possam passar lá e fazer um boneco…

 

que a brincadeira não é minha, eu sou mais um que tem essa missão de manter o brinquedo vivo.

 

e uma gratidão muito grande, pq o universo que isso me abriu na vida..

a quantidade lugares, pessoas, e de conceitos que a gente vem mudando e vem trabalhando a partir dessa vivência com esse universo, com essas pessoas é tão grnade, que vc não tem como … outra coisa a fazer a não ser abrir os braços pra acolher quem tá chegando agora.