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Transcrisção da entrevista com Miquéias Paz para o Projeto Invenção Brasileira 30 anos
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meu nome é miqueias paz, 52 anos, 30 e alguns… eu perco as contas… de encontro com o teatro.
somos pertencentes ao parque dos dinossauros..
tem uma galera, que a gente começou a estudar juntos, somos estudantes de colégio, eu, marcinho, miltinho, pepe, alexandre, Schirley (chirle), haroldo… nós éramos alunos de escolas
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distintas que fomos convidados a participar de um projeto desenvolvido pela secretaria de cultura, aliás na época não se chama sec de cultura, era sec de educação e cultura, e na sec de cultura foi desenvolvido um projeto que era o projeto plateia, e a ideia era formar nucleos de trabalhos artísticos a partir de experiencias… no nosso caso, veio do rio de janeiro o grupo H Papanatas, e esse grupo passou uma semana no teatro da praça ao lado do eit e reuniu algo em torno de uns 60 alunos… 20 de cada escola, que era o ctn, eit e o (104) Centro 4 da qng.
e, nessa epoca, a gente começou a fazer aquela coisa brincadeira… vamos nos divertir…
tanto que eu fui fazer o curso de teatro muito mais por uma possibilidade de diversão, que eu não podia, eu trabalhava… e um grande amigo, marcinho, produtor cultural, dono do botequim blues, na epoca, estudavamos na mesma escola, e eu, não… mas aí, ele tava lá com minha inscrição no bolso, e vamos… esse negocio de teatro não tem nada a ver comigo
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e lá vai ter uma meninas.. e fomos mais no obaoba…
aí, nesse encontro, tinha algumas pessoas… talvez muita gente conheça.
tinha o natinho, miltinho, a shirlei, o marcinho, o nilsom rodrigues, tava nesse espaço entre outros mestre… tinha uma galera bem legal.
e essa galera foi se amando, se curtindo durante o processo…
e foi se depurando… querendo tá junto…
e isso foi num momento estranho pq na época não se reunia.
se encontrava no futebol… outro em função de outra coisa.
mas era a primeira vez que se reunia em função de alguma coisa cultural
e ainda vivendo um resquicio de ditadura, tanto era intenso, até me lembro uma vez a gente já chegando no trabalho, mas já com um comportamento mais extrovertido… a bolsa de couro do lado, a camisa feito de retalho de pano, desço no centro de taguatinga, aí chegam 3 senhores… eram pessoas, que … agente vivia numa repressão tão grande que nem sei se eram polícias, também tinha uma noia, qualquer um se achava no direito de dar baculejo pq tava na defesa da honra do país.
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mas foi estranho, eu era um garoto, aí 3 senhores do meu lado mandando tirar as coisas, eu lembro esse episodio ficou marcante pela peculiaridade das coisas… as pessoas .. essa autoridade tavam imbuida nas pessoas em geral, eles se quer se deu ao luxo de se identificar. e a gente vivendo esse processo de opressão nem indagava.
qualquer um tirava onda com nossa cara tirava pq a gente nem tinha coragem de enfrentar essa situação.
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eu lembro da carleusa, uma das pessoas que hj é contadora de história… uma pessoa com a irreverencia dela…
então o grupo se estabelece.
e monta um projeto que era as aventuras de pedro malazartes, era um compromisso de que o que ficasse montado a partir do curso deveria circular algumas escolas, no projeto plateia…
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a gente fez isso, nos interessamos em continuar. a gente continuou a ensaiar por conta propria, com um professor da rede, na época o nelsom nenão. primeiro foi a cassia que era do stella maris e depois foi o nielson menão, que era de um grpo de planaltina, era o chamado ‘ parrtir daquele dia’, ele veio nos acompanhar e ficou um tempo com a gente também.
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e nessas a gente começou a criar nosso uniforme de comportamento, que era camisas largadas pintadas a mão e a tradicional jardineira.
eu lembro que um dia, tomando um onibus na qnl, eu vejo um cara muito parecido, uma bolsa quase do mesmo modelo… gente que coisa engraçada… comecei puxar assunto.
‘aí, eu faço teatro’… eu também, já tive experiencia no sesc… aí, aparece no nosso grupo, uma coisa mais nova, querendo aprender…quem sabe..ensaio tal dia.
aí, tá lá. quando a gente se apresenta, meu nome é miqueias, meu nome é chico simões.
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a gente fez esse primneiro contato, e ele realmente foi.
aí, além de trazer uma experiencia que ele já vinha fazendo em outros trabalhos que a gente não tinha, ele agregou jóias, que era o paraibola.
que era rener, finelo, finelina, pezão, samuca… ou seja, ele já circulava num núcloe de pessoas que vinha se reunindo, ouvindo musicas diferentes, que a gente não tava acostumado a ouvir, a mpb genuina, um universo que a gente não conhecia e aí, fermentou mais ainda…
e serviu um pouco… com todo respeito a aqueles que não puderam continuar, depurou o processo. quem é que tá falando essa linguagem e a gente já tinha criado o grupo de teatro retalhos… teatro amador retalhos, que o termo amador era muito forte… depois a gente desmistificou… mas tinha os festivais de teatro amador… tinha uma simbologia e a gente fazia questão de se identificar como grupo amador.
aí…
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;….
tem um palhaço lá no recanto das emas… e os músicos, e a gente começou a procurar..
e a gente surgiu a montagem do “marechal boi de carro”, era um espetáculo com muita movimentação, que envolvia a plateia, era um musical brasileiro e a gente fez uma coisa com muita identidade de …. que a gente tinha uma vontade ficou muito expressa
tinha um figurino, e a gente é que fazia, fazia vaquinha… e gente conseguia montar mesmo às duras penas e ficou impressionante…
foi um espetáculo que mexeu com a cidade, levou o grupo a um reconhecimento que a gente nem imaginava que teria.
a gente ia em todas as escolas, em todos os lugares..
e a gente foi abrindo os horizontes, e foi pro lado de paracatu.
e lá em paracatu, a gente conheceu o joeli, irmão do almir paraca, que era um rapazinho igual a gente. o joeli já era mais velho…
a gente fez umas intervenções lá… que mexeu com a o porque fazer… pq a gente fazia uma coisa com vontade, com garra mas lá tinha umas intervenções da rua, as ações de mobilização cultural, pq ele já vinha de uma proposta mais amadurecida, na época do pt ele já vinha de formações, então aquilo, da coisa de base, núcleo de base e isso chegou pra gente com essa mesma intensidade.
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a gente chacoalhou muito, com essa ida pra paracatu.
a gente tava buscando referenciais, e nessa mesma época, se não me engano, uma satelite fora de ordem tava sendo pensada, que era um retrato sobre taguatinga…
e eu já falo o grupo.. pq coincidentemente paracatu individualmente mexeu comigo.. pq abri uma nova vertente no meu trabalho, pq eu encontrei esse trabalho numa nova linguagem essa coisa da mímica.
passei a me dedicar mais tempo, com tinuei fazendo alguns trabalhos com o retalhos mas já tinha um trabalho mais individualizado.
então, houve essa ebulição, e aí, essa ebulição naõ se conteve pq ela não só trouxe novos elemtnos como se agregou a novos movimentos que a gente nem conhecia, dado o volume de coisas que o retalho começou a fazer, ele começou a atrair pessoas ‘ que que eles tão fazendo?’ essa garotada e aí, a gent ecomeça a meio que ser um polo de atrção de outros trabalhos.
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como a utilizava a eit, o teatro passou ser um teatro de referencia, atraia as pessoas praquele lugar, e ao atrair as pessoas pra aquele lugar não é que nós começamos o movimento, não.
talvez tenhamos sido o combustivel de um movimento que passou a ter um movimento maior.
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pq aí começou a se reunir com o Ruas, o Omar Franco, o Cabeças, que já é … tinha uma relação proxima em função do Natinho, mas ficou mais intensa, uma preocupação com as exposiçaõ, não consigo especificar mas a gente também se aproximou do Fernandes, e o Markão organizando a FAculta…
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aquilo foi virando um bolo só, não sabia mais quem era quem, tinha seus grupos e seus trabalhos e tava sempre envolvido no trabalho dos outros. e foi criando uma onda…
sem desmerecer nada, ou posterior a isso, mas acho que foi um dos momentos mais marcantes de taguatinga, pq pela primeira vez uma cidade fora do eixo começa a apresentar um movimento cultural fora do plano piloto.
taguatinga começou a virar um polo de ebulição do pensamento de produção.
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vem o fortalecimento do caium, de poesia, cauim traz pra gente quem era paulo leminski que a gente naõ sabia..
então começou a … taguatinga começou a ser atração pra outras pessoas.
então era muito comum a galera toda da ceilandia subir, nas atividades, seja na faculta, seja na semana de arte e cultura
[
que posteriormente, após,… a gente conseguiu que a gerencia teatro da praça fosse do fernades, posterior a isso, ele acabou criando um espaço mais privado, que é um espaço também de ebulição , que é o espaço rola pedra.
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houve todo um movimento numa época, 84 a 90, em que taguatinga virou todo um centro cultural. e principalmente também porque, também respeitando as propostas que tinha no plano piloto, taguatinga tinha uma propostas mais viceral, era relação do cotidiano, arte interventora, entquanto transforamdora, insturmento de resistencia…
essa coisa de trazer plinio marcos pra um debate no rola pedra… sabe?
ou seja, o fazer teatral aqui acabava tendo uma coisa mais de contestação, entre aspas, mais revolucionário.
o ato de fazer teatro já é reovucionário por si só. vc tem que quebrar uma serie de problemas, de paradigmas, então ele já é por si só.
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mas a gente beirou o teatro panfletário, pq a gente começou a fazer ações de instigar mesmo, pós ditadura, pré diretas já.
então toda essa galera que tavam taguatinga, sempre sempre tava envolvido em discussões de carater politicas…
todos nós estavamos em alguma ação, seja o grupo retalhos enquanto grupo, performance, indo pra favelas.
eu lembro que a gente foi pro areal, e o areal era só uma meia duzia de barracos… tinha mais… mas no miolo ali era uma pracinha e a gente foi pra dentro, fazer uma apresentação dentro da área, que hoje é uma cidade, mas na época era uma favela.
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então a gente ia, entrava no processo, diferennte do teatro do plano piloto, mais entretenimento, ainda que levasse ao questionamento, ao pensamento e tal… mas ele tava mais voltado ao entretenimento, espetáculo mesmo, …
taguatinga tinha a intenção de interferir (cortado)
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um momento em que o país vivia uma história complicada, né?
meia parecida com a de hoje, mas a gente tava saindo de um processo de regime militar, que pode talvez tá retornando… mas a gente tinha a ciencia da importancia do instrumento de fazer arte, arte de contestação, acima de tudo.
e aí, nessa época, nós os dinossauros, nos reunimos muito. e tinhamos como referencia um local que era o kareka.
um bando de duro, não tinha dinheiro pra nada, mas sobra o que simbolicamente seria 2 reais, no máximo 5 e usava esses 5 reaias ao longo da noite pra tomar a famosa pinga com mel do kareka.
reconhecida inclusive como patrimonio imaterial pq ela foi responsavel por muitas conversas, muitos projetos, muitas ideias regadas a pinga com mel, e o kareka era uma grande referencia de trabalho.
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e eu lembro que nesse processo do retalhos, desse inicio de trabalho, acabou culminando com açõeas, que tinha, por exemplo. o trapo… confundo, o trapo era do gama, e o molabos da qnl ceilandia.
até o nome, retalhos, ele gerou outras pessoas que se miravam no retalhos uma lógica de fazer e tentavam achar um nome parecido… teatro molambos e teatro trapos.. uma referencia explicita a simbologia q o retalhos adquiriu na época.
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aí é que nasce … acho que o movimento.
aí é que da uma…
acho que tudo na vida precisa dos alicerces…acho que essa formação, esse momento, esses encontros feitos, que envolvia .. remanescentes do caixa dagua, que era um grupo mais antigo que tinha aqui, que era o saraiva, com o cinema, tinha a historia do cineclube super 8…
essa turma toda, esse processo todo, esse encontro todos, foi um dos alicerces do invenção.
eu acho que o invenção quando surge, ele surge com essa bagagem poderosa…
pq vc vê:
tem o nilson que virou secretario de cultura em tocantins, foi diretor da fundação cultural de brasília.
eu que fiz uma serie de coisas acabei deputado distrital durante 4 anos,
e a minha referencia não era outra senão meu trabalho cultural.
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e a minha intervenção, ou formas de me relacionar com as pessoas era oriunda desse processo que a gente desenvolveu com o grupo de teatro retalhos.
o chico passou a rodar mundo com o trabalho, com a pesquisa.
a shirley com o carroça de mamulengo, que é uma referencia pra america latina toda, muita gente que acha o trabalho bonito…
e tem o natinho que solta um pouco a questão do teatro mas não abandona as artes, vc uma figura que … as baratas dele ficou tão famosa que foram pra nova iorque.
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então, e aí, pessoas que desenvolveram habilidades, miltinho que continua trabalhando…
acho que foi uma base muito importante.
ao longo desse anos, eu vi muitos grupos nascerem morrerem, e poucos continuarem desenvovlendo trabalho de forma…
lógico, vc tem um trabalho, 10 pessoas, um continua.
não, nessa coisa do retalhos, todo mundo de alguma maneira procurou se envolver…
na sequencia tem o chico, vem ze regino, aproxima de humberto pedrancini, vem o celeira das antas, ruoruoruo…
aí vai virando produtora…
e tem debora aquino, que hje é uma diretora importante da funarte…
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foi realmente a nova… explodiu e saiu criando coisas… bum!
a estrela nova, o retalhos… e foi gerando coisas… e viraram seus planetas…
ninguém virou popstar. mas todos os que estão fazendo, estão fazendo com muita seriedade.
até poderia, tem shirley. diz que a televisão chamou, a filha…
mas exatamente por essa formação, essa maneira de fazer, acabou preferindo essa luta, foi formado com muito afinco la na epoca do grupo retalho e a partir daí, foi …
não coloco isso como a coisa mais importante do moviemnto, mas coloco como uma das
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coisas de grande importancia do movimento.
o omar franco que é uma referencia internacional de artes plasticas e ele tava naquele momento inciando seu trabalho em artes plásticas, não era tão renomado como era hoje.
então tem várias pessoas que circulavam, não eram do grupo… apenas tavam juntos…
então eu acho que foi um momento marcante… muito do que acontece hoje, é em função desse momento que a gente viveu.
um momento muito importante, ao longo de 8, 9 anos… é lógico, a própria vida, fez com
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que a gente circulasse, andasse, as vezes se distanciasse pra depois reaglutinar..
passou a ter outras coisas envolvidas, a propria sobrevivencia…
a necessidade de mostrar pra quem tá do seu lado o dia inteiro te falando que isso não leva a lugar nenhum, que leva sim… ainda que não seja o lugar que ela queria, leva a algum lugar.
é isso, acho que foi uma semente importante, uma das sementes, do coquetel de sementes que foram plantadas, e deu frutos muito importante.
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esse movimento todo que aconteceu aqui ele teve uma coisa muito legal pq coincidia com a busca da identidade da propria cidade, pq taguatinga ela queria se encontrar.
ao mesmo tempo a gente dizia, o que que nós somos, que taguatinga era só uima cidade dormitório a gente tá aqui só pra trabalhar, ir pro plano, e dormir… não, a gente nem tinha dinheiro pra isso, a gente precisa criar a nossa vida, a nossa história.
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e tudo passou a ser motivo de atitude.
inclusive a propria derrubada da caixa dagua…
nem tinha experiencia arquitetonica, de engenharia pra avaliar a importancia daquela coisa ali no centro,
mas a gente entendia que a caixa dagua era uma simboligia de taguatinga.
a pasou a lutar também pelo simbolico.
gente entendia que a derrubada era também a queda de um simbolo e a gente tava buscando identidade.
então, era interessante dizer, olha, quando chegar lá, voce vai encontrar a caixa dagua,
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como hoje, que nem imagina derrubar a caixa dagua de ceilandia, ela pode ser um jardim suspenso… qq coisa.mas ninguém vai derrubar aquela caixa, pq ela é um simbolo de ceilandia…
e no kareka, se não lembro bem, tem fotos de pinturas que foram feitas na caixa dagua, pq era um marco de resistencia.
e ao mesmo tempo, lutar pela não derrubada era uma maneira de se unir.
enão a gente viveu uma taguatinga que tava querendo se encontrar.
confesso que acho que ela se desencontrou mais ao longo do tempo, que ela cresceu demais, se tornou gigante… com muita interferencia e, claro, muito suscetivel aos mecanismos comuns tradicionais da midia, etc,
hoje é uma cidade sertanejona, qq bar que vc vai vc vai ouvir sertanejo, vc vai ali na area atrás do mercados no pistão sul, todos os bares vc vai ouvir aquela confusão, aqueles onibus, aquelas caronas dos musicos, e tal.
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e pra encontrar uma coisa uma coisa diferente, tenho um sobrinho, beto tropicalia, ele morre de vontade de tocar as coisas dele, mas ao tocar na noite, ele não consegue achar a reverberação pra isso.
então ele acaba sendo um expert em tocar as coisas do mercadão.
então, taguatinga, vc encotnra ilhas..
o mercado virou uma ilha… ele ecoa, tem uma importancia é uma ilha dentro de taguantinga.
aí, ce tem o karekas, que é outra ilha.
os meninos do rock naõ resistiram muito tempo, que eles tentarm fazer um nucleo de rock nquela área onde ainda é permitido sonorização, que com a lei do silencio, ta ficando mais complicado…
mas é a cidade do botecão, bota amesa da calçada e vai beber beber beber e cantar o hits da fm.
aí, reforça a importancia de tudo o que o invenção conseguiu chegar até estar nesse processo do mercado e ser uma das molas propulsoras de toda uma discussão, pq é como se a gente precisasse mesmo.
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as vezes até tem que entrincheirar pra ser preservar um pouquinho..
e aí, a trincheira é contra a vizinhança, e contra a questão do formato da ocupação, pq precisa ocupar, precisa estar no espaço, preicsa criar um trincheira na legalidade do processo, pra que ande bem e as pessoas não venham interferir na qualidade do que acontece aqui.
ao mesmo tempo é uma trincheira que podem confundir e achar que aqui é um lugar de doidão e aqui pode ser um grande mercado pra vender isso e aquilo pq tem muito doidão circulando
virou mesmo, uma luta que eu acho que vai se tornar um pouco mais árdua…
com esse processo de impeachement, governo, de retrocesso que tá vivendo, eu acho que o mercado passa a ter uma importancia maior pra taguatinga, esse movimento liderado pelo invençaõ, vamos dizer… passa a ter mais importancia pq ela vai ter que resistir a essas coisas todas, pq é uma área interesante, se vc consegue desapropriar … em taguatinga não tem mais tanto espaço pra construir … aqui se vc tem uma garagem vc já quer construir um prédio de 12 andares.
esse quadrado todo do mercado, botar no chão, e levantar uma torre aqui, vc tem um milhão de lojas, tem não sei o que dentro de uma convencionalidade que vem com a cara…
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eu dizia e uma grande questão de taguatinga, naquela epoca, é que parecia que era uma cidade que as pessoas moravam aqui pra ir embora.
tinha muita gente estrangeira, que trabalha com a venda, vai arruma um troco, se organiza e vai morar melhor.
todo mundo na epoca, se imaginava morando no lago.
no pior dos casos, morando no plano piloto.
era só um degrau de acesso pra outro lugar, ganhar uma grana pra sair.
hoja tagua já se ve como uma cidade fixada…ninguem tá aqui imaginando …
entao, ele vai ficando mais inquieto, que vai passando o tempo de ter uma praça, de ter um lugar pra se divertir… então, ele começa a sentir isso: aqui é minha casa…
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então, ainda que eu acho complicado…
essa coisa do fluxo do veiculo comercial-samdu, a cidade virou outra.
era uma coisa infernal… parecia uma coisa claustrofobica… vc dirige parecia que ia bater…
agora dá pra respirar…
não dá pra negar q vivemos na era do automóvel…
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essa época, teve essa importancia da busca da identidade…
ainda que essa identidade continue rebuscada…
mas aquela coisa da adolescencia… pós adolescencia.. eu devia ter 20 21, chico um pouco mais, shirley um pouco menos… ainda estávamos naquela de quem somos, pra onde vamos…
e agarramos a historia do movimento como encontro de identidade e aí virou uma grande invenção brasileira.
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a grande madrinha dos projetos chamas-se eurides brito, eu digo ironicamente pq a história mostrou que era uma figura com vários problemas de comportamentos políticos…
mas foi um projeto da maior envergadura cultural de brasilia..
sintetizando:
secretarica de educação e cultura desenvolveu um projeto que consistia em trazer experiencias e agregar ouvintes, participantes pra essa experiencia, no campo da dança, do teatro da musica.
e vc trazia uma referencia, alguem que fosse referencia de ensinamento na área e você ficava com essa pessoa algum tempo pra que essaas pessoas desenvolvessem trabalhos.
só que aí tinha um compromisso que de essas pessoas… aquilo que fosse criado nas oficinas, fosse apresentados nas escolas.
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as escolas, por sua vez, tinha os professores de arte, esse professor organizava sua escola dentro de um calendários previamente estabelecido, muito bem organizado, eu me lembro, toda quinta as 20 da noite, todo sábado as 16h e domingo as 10h da manhã.
todos os lugares da cidade, alguns auditórios da escola, seriam apresentados espetáculos, seja resultado das oficinas, seja trabalhos que já ivessem reconhecidos, que fossem aceitos pelos critérios de avaliação que o projeto desenvolveu.
com um detalhe, cada apresentação tinha que ter dedicado 40 minutos, 1 hora, para debate.
e isso éra tratado como um aula.
a gente até ficava bravo,
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pq q tem que ter professor aqui, pq do uniforme…
mas se não tivesse isso, talvez não tivesse esse nucleo de formação de plateia…
havia uma rigidez.. e a gente tava com ranço de autoridade, e nem conseguia fazer leitura de que essa autoridade podia ter revertida em disciplina do processo.
não a disciplina ‘senta-ficaquieto’, mas de aquilo precisava ter um feedback, que aquilo precisa ir e voltar…
hoje, quando saí do retalhos… acabei tendo um projeto agraciado pelo projeto plateia e eu fiz 300 e poucas apresentações ao longo de 3 anos… e imagina o que significa isso dentro de escolas que tem 45 por sala…
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e todas as apresentações no mínimo tinha meia hora de conversa após.
imagina a riqueza disso, hj eu consigo perceber…
e era preparada mesmo com infratestrutura.
entrava a secretaria da educação, oreganizando professor, com relatório e tudo… e a fundação fazendo a história de selecionar, convidando artista , providenciava onibus…
tinha uma disciplina que foi muito util. ainda com toda resistencia que a gente tinha na época.
então, o projeto plateia foi uma das coisas mais interessantes que a cidade produziu, até hoje.
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eles eram …
esse espetáculo é o seguinte: o grupo h papanatas era um grupo que tinha uma experiencia de fazer teatro de rua…não sei como foi que chegou…
mas tinha essa coisa.
então passamos uma semana de manhã de tarde, e comecinho da noite, e eles trazendo jogos, brincadeiras e tal.
e ao longo dessa semana, a gente foi criando cenas pra compor essa ideia de pedro malazartes, uma coisa meio macunaima…
então, macunaima… eu nem conhecia, nem sabia que existia, reproduzi a cena do macunaima nascendo…
então o jader fazendo a mãe…
e eu nascia, do mesmo jeito da cena do filme…
então, impressionante que tenha criado esse exercicio criativos na gente e a gente conseguiu fazer coisas que ao final de uma semana a gente tinha um espetáculo montado.
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a gente …
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esse processo de montagme das aventuras de pedro malazartes… então isso, esse grupo ensinou a gente a trabalhar com essa coisas de montagem coletiva… montagem coletiva e expressão corporal são 2 termos muito usados nesse periodo…
eu lembro que a gente fez esse trabalho, circulou algumas cidades, umas 5 ou 6 cidades…
e aí, com a chegada de outras pessoas, a coisas da música, e foi aí que a gente começou
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a ver onde a gente cabia, e onde a gente poderia entrar nessa história.
não lembro, não sei de onde veio o texto…
mas chegou pra gente, não sei se foi o nelson menão, mas veio marechal boi de carro,
no primeiro momento era o carlos que tava fazendo a música, depois veio chico,
que veio com a galera do paribola, que já tava acontecendo e agregou esse valor e virou uma coisa muito legal.
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não lembro exatamente, mas era eu fazendo o mateus, o alexandre fazendo a catirina, o chico fazendo o capitão, o miltinho fazia o padre, o natinha fazia um advogado, as meninas eram as cantadeiras, era uebia, carleusa, shirley, rose, outra rose, falecida mercia…
eram as cantadeiras, cantavam as músicas…
tinha o quim… fazia um juiz..
o pepe que também era do elenco… tem mais que não lembro agora.
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foi ‘uma cidade fora de orbita que foi pro nordeste’
o marechal a gente foi só pro paracatu.
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foi exatamente no momento em que eu … foi na minha saída,
teve esse processo de criação coletiva,
tinha cacá, natinho …
e eu comecei a apresentar no projeto plateia, e eram ações concorrentes, pq tinha que tá num lugar…
antes, a gente tinha montado o magico e palhaço… gico e palha… o natinho e o quim… o chico dirigia…
era uma proposta de espetáculo infantil.
entre o marechal e o cidade fora de orbita…
surgiu um personagem que carregou por muitas anos, que era o palhaçao palha,
era um texto do h papanatos…
era o retalhos montando…
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à epoca desse movimento, a gente tinha a histŕoia da faculta, que … pelo que me recordo, foi a primeira grande referencia de atividade de rua, foi a faculta.
pq a faculta começou num primeiro momento, que é a história da música…
eu me lembro… tava fazendo um proejto de contação de história, que era no parque da cidade, e eu fui chegando no onibus e fui ouvindo “não saco nada de quimica, geografia ou gramatica… eu curto mesmo educação sexual”…
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hoje é fácil identificar,
era o renato russo, num caminhãozinho, cercado de caixas se acabando no sol,
e a gente sentado ali no final daquele gramadão em frente aos antigos quiosques…
ali foi começava a invasão da rua com proejtos de cultura.
a faculta passou a agregar antes dela, uma parte da manhã, uma rua de arte e lazer, como a gente chamava, uma palavra usada demais na época… vinha brincadeiras, jogos, eu me apresentava… foi aí que começou as primeiras experiencia do chico com os bonecos,
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depois veio carlinhos babau… também foi agregando mais valor pra esse trabalho.
a intervençaõ de rua tinha uma caracteristica muito forte do grupo da faculta.
depois, o grupo que organizva a semana de arte resolveu fazer…não lembro, acho que no mes de março e a faculta acontecia em setembro…
então eram 2 momentos, que em… qual era a diferença:
a faculta era um unico dia, acontecia um monte de coisas, e e encerrava a noite com um grande bandas etc.
e a semana de arte, o nome já diz, era uma semana toda, domingo a domingo, começava fazendo atividades, aconteica todas as noites, com exposição, poetas, apresentçaões e culminava no domingo com atividade parecdia com a faculta…
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o carroça, assim, tem uma coisa da lingaugem, da pesquisa da beleza, da família envolvida, naquele núcleo, então, acho que é uma experiencia de um riqueza impagável,
de circular o pais, de ver as coisas,
e também é fruto desse momento, shirley e babau também se conheceram no retalhos.. começaram a desenvolver uma parceiria e presenteou o país com essa coisa fantástica… eu assisti algumas vezes, tanto em teatro como em espaços abertos..
por si só, independente do que estejam montando…
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.. ele apresentando…
como ele não morava em brasília, diferente da gente,
a gente só tinha noticia…
quando ele apareceu já foi iniciando processo do carroça família.
que aquilo que era uma figura independente sozinha virou uma família.
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fazia parte da confenato
eu participava como membro do processo, o presidente era o caca, se não me engano…
ou seja, era uma luta dessa referencia da… pela afirmação da intervenção..
no momento que a gente assumia essa figura do amador…
nos encontros, no seminarios que tinha, essa palavra tem um peso muito forte…
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a shirlei
no primeiro dia de curso, que eu consigo lembrar, era eu, shirley, miltinho, pepe, alexandre, carleusa, o haroldo, não sei por onde anda agora, o natinho, o marcinho…
com certeza, nós eramos o primeiro momento do curso… todos nós estávamsos e estamos fazendo alguma coisa até hoje.
e a shirley, tinha um peso especial, pq ela era linda!
nós, um bando de perebento.. e ela, aquela figura… uaaa
a gente ironicamente brincava, até por essa coisa muito família dela, muito mãe.
asp essoas achavam que ela não continuaria.
ironicamente, ela foi a mais consistente…
esse rojão, é uma história, fazer o que ela faz até hoje, não é pra qualquer um.
outras pessoas até fazem similar, mas essa coisa da família.
parece aquilo, os msssmm que vão pegar um barco… a familia, rodar o mundo…
como assim?
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mercado sul
eu conheço o mercado sul a muitos anos, eu estudava, era caminho da escola..
o que acotnecia, era uma área, depreciada..
a sobra da cidade, não tinha onde morar, ia lá, pagar aluguel infimo.
e aí, agregava desempregados, as pessoas que tavam mal, o cara viciado..
era meio babilonia, assutador… era a imrpessão que dava de fora, não cheguei a circular…
tinha um certo panico.
e o movimento começou a circular..
o lutier, o ivaldo com o a fotografia e sorvete…
e algumas pessoas começaram a fazer daqui um espaço de resistencia e de recriar por dentro, pq esse negocio de criar por fora, é complicado.
a, eu vou interferir… não
uma coisa é tá la dentro, e lá dentro sentir onde tá a vibração, o que é que bate, não bate,
onde reverbera onde não, e aí, você recriar.
talvez o mercado tenha tomado essa dimensão pq as pessoas assuimira o lugar, não foi um projeto externo… e até podia… que nem do rio de janeiro… vira um shopping…comercial de entretenimento.
quando vem de fora pra dentro… revitaliza pra dar dinheiro.
não pra dar alegria
aqui, não.
as pessoas tão revitalizando pq tão vivendo aqui, tão curtindo aqui, querem ver isso mais interessante.
mas eu passava aqui com 16, 17 anos, era uma babilonia, continua sendo…
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acho que o grande barato que me surpreendeu… até pensei em morar aqui…
é que tava nascendo, o inveção começa e tem necessidade de me fixar… pra guardar material, precisa de um lugar..
mas o grande presente que a cidade recebeu foi o invenção ter vindo pra ca.
não que não tivesse outras coisas, mas trouxe pra cá uma atenção.
o invençaõ se estabelecendo aqui, acelerou um processo.
ainda vai longe…
mas ele já é reconhecido hoje, como um espçao de agregar o movimento cultural.
ele já é notícia fora daqui.
outras pessoas já querem saber o que é o mercado.
já querem entender…
é nessa época, nesse momento de vir pra cá, o invenção ele alimentou muito essa nova diretriz, e eu acompanhei dentro do possível,
muito feliz de ver lo que tá acontecendo…
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teve esse trabalho.. .no inicio do retalhos, fiquei uns 3 4 anos,
e aí, descobri a história da mímica…
como foi?
em paracatu, depois de termos feito nosso espetáculo, teria um cortejo na cidade, e foi solicitado que cada um de nós criasse uma brincadeira, pra não repetir personagem.
o natinho fez o palha, outro fez um malabarista. outro fez um magico.
e eu achei uma malha preta,
fiz uma maquiagem tosca com nosso grande produto de maquiagem, que era pomada minancora. por isso não ter espinhas..
e saí pelas ruas de paracatu fazendo um boneco…
rodou umas 2 horas… eu não falava… ao ponto de uma criança perguntar, quando volta pra brasília, voces levam inteiro ou desmontam pra encaixar…
opa! mexeu com a figura.]
e eu fazia o curso de magisterio, era normali, e era uma escola que provocava muito a criatividade de nós, futuros professores.
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e uma das coisas que tava rolando era um curso de teatro e eu resolvi colocar aquela coisa ainda indefinida pra participar do festival de teatro
e eu lembro que no meio da caminho eu pensei, não tem nada, só movimento…
não, preciso fazer teatro, contar algo…
tava dentro do onibus, a viagem era longa, acabei criando uma historinha e com essa historinha acabei ganhando o festival.
e fui representar a escola … no complexo escolar…
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acabei sendo classificado pra ir pra chamada facibra, feira de artes e ciencia de brasilia, onde aqueles invenções, estavam impostas junto com gente que cantava….
e a grande surpresa, mexeu com a vaidade,
eu apresentei e foi muito legal, auditorio lotado, molecada da mesma idade, me curtindo,
galera me aplaudiu de pé… quando eu tava indo embora… pediram pra eu voltar…
aí, voltei, já tinha televisão…
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e era um fato inédito, nenhuma das programação dessa feira, pelo menos me foi informado isso…
disseram que era primeira vez que isso acontecia que nunca tinha acontecido de alguém voltar na programação.
aí, fiquei interessado no trabalho, aí, um grupo de indança, … galera da unb… comecei a trocar informação com eles… conheci enya… não chegava aqui…
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e aí. a partir disso, mais uma vez usei o que tinha aprendido na relação com o teatro…
aí, comecei a ir atrás de oficina, onde tinha qualquer coisa, onde mexia 2 dedos, eu ia lá ver como mexe 2 dedos.
e comecei apresentar e lá hj são 30 e poucos anos, 16 países, não sei qtas apresentações… mínima ideia.
aí, tem isso, aahhhh, vc não faz só mímica não, vc faz filho tb…
fui casado algum tempo, desse casamento tive 3 filhos, uma é uma mãe de família, é a mais formal, mas é a mais maluquinha, ourtro fez comunicação, tá fora do país, e tem o abder..
antigamente eu era o pai do abder..
aliás, o abder é o filho do miqueias,
agora o negocio tá estranho, vc que é pai do abder?
tem uma inversão…
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dentro desse processo de encontro com chico simões, ele agregou um valor importante pra gente, que provavelmente se não tivesse passado, não sei que vigor teria o grupo retalhos hoje ou que linha de atuação esses atores iriam desenvolver,
pq trouxe essa linha de resistencia políica.
foi uma fenda que se abriu pra que a gente se aproximasse dessa linha de política. muitos de nós fomos desenvolver atividades políticas depois, mas o interesse inicial, a vontade ser contestador…
eu lembro uma vez, fui dar entrevista.. já fui descendo o sarrafo na televisão, eu tava na televisão, não tinha a noção de como lidar e como ser contundente numa coisa sem perder o espaço.
de alguma forma, eles só anunciaram o espetáculo e não passaram a entrevista.
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eu sei que o chico teve esse papel muito importante de carimbar esse dna de guerreiro, de ir pra luta.
ele tem uma virtuose muito grande de agregar, eu ainda não consegui desenvolver isso.. talvez com essa coisa de trabalho individual, também essa coisa de religiosidade… minha cabeça que fazia uma leitura meio equivocada do processo de família….
as coisas podiam ter andado mais leve,, menos angustiada..;e aí, … acaba agregando menos…
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hj eu tenho buscado muito um exercicio de aprendizado pra, fazer essas coisas que eu aprendi, essas informações que eu acredito que eu tenha, de poder repassar essas informações …
e acho que o chico teve esse papel fundamental, de forjar essa galera, e trazer pra perto dessa galera as pessoas da resistencia.
ele nos aproximou de paraibola, que era uma grupo de resistentencia musical, que nunca cedeu espaço pra uma coisa comercial, eles sempre trabalharam… sempre paraibola.
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a
tovar, todo mundo, o liga tripa….
esse movimento do retalhos, que agregou, que o chico trouxe pra dentor do retralhos, que fez com que a gente se aproximasse do liga tripa, do ari pararraios, que era outra referencia importante de atitude de rua, de intervenção, era ainda… o esquadrão da vida, …
teve esse mesmo processo de resistência… lógico com a influencia da questão ecológica…
o tanto que ele tava sendo futurista, a gente naõ conseguia fazer essa leitura..
tanto que ele tava a frente do tempo.
hoje a gente ve a importantancia dele defender isso lá atras.
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o chico foi essa pessoa que nos fez reconhecer o valor da resistencia…
as portas que ele abriu pras pessoas que talvez a gente não encontrasse ou se encontrasse não seria da maneira tão produtiva quanto foi.
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o cabeças, a gente naõ era tão proximo do cabeças.. era uma açao, .. tinha uma garotada classe média, mas não tinha essa aproximação por uma questão social
era importantissima.
mas a gente se encontrava numa atividade ou outra… num barzinho…
mas não tinha essa troca… garotos de escolas mais cara… uma galera quesionadora… mas não tinha essa proximidade.
o cabeças nasce como uma ativadade de musica, na 312, e aí, vai pro parque da cidade, aí a gente se sente mais a vontade.
e aí, eu acabei virando um elo disso.
pq eu era uma figura carimbada de todos as apresentações do cabeça, eu sempre tava me apresentando no cabeças ou no jogo de cena, antigo..
e essa coisa começpu a trazer a periferia pro parque.
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então era uma maravilha de domingo.
acontecia um milhão de coisas, performaticas, as bandas…
confesso que nós da perifa não tinhamos influencia nas decisões
era um grupo de lá, nós iamos como participantes, mas desconheço que tem
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e nós, homens, esavamos sempre fazendo as coisas, e tinha uma certa dificuldade de agregar um numero razoável de mulhres…
mas não nego a dificuldade que era pq mulher que fazia teatro era puta.
esse peso que elas carregavam era uma coisa barra pesada.
então pra que uma menina conseguisse enfrentar o processo de ruptura com a família, de auto afirmação, de romper com esse estigma de que mulher que faz teatro era puta, não era fácil.
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a energia que elas tinha que ter pra participar, pra estar dentro do processo era infintamente superior à energia que nós homens temos que ter.
era muito casca grossa pra poder enfrentar o processo.
ainda não é fácil hoje.
bem mais fácil, mas na nossa época…
todas elas merecem busto em praças públicas, de reconhecimento, pq era aberto portas pra que outras fizessem também.
não era fácill.
tem uma lógica também dentro desse processo de resistencia… de estar enfrentando…
tem uma coisa muito dignificante com a historia da mulher, tá menos complicado hoje, a gente ainda ouve coisinhas, jeito de falar, que acaba empurrando pra essa coisa de genero… separando, tal, desqualificando a ação feminina.
mas na época era mais brutal.. imagina, vc com um processo pós ditadura militar, autoritarismo… isso pesava bastante na decisão de uma garota participar de um grupo de teatro.
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o grande barato do retalhos, de grandes pessoas que tavam no entorno, é que como a gente tava numa busca comum, a gente virou família…
apesar das rusgas…
é engraçado que as vezes eu contro pessoas que vivenciaram aquele momento…
uma vez fui apresentar no hospital, tal aí a pessoa me atendeu… quando tava saindo a pessoa me olhou e … miqueias… AAHHH aquele curso do teatro da praçao…nenanana…
aquilo marcou as pessoas.
quando vc desbrava jutnos… quando enfrenta interperies juntos, na bonanza é mais fácil…
família escolhida…
então tá!